Desmatamento da Amazônia Legal cresce 279% em 2020

Por: GIFE| Notícias| 18/05/2020

Mesmo frente ao cenário de pandemia da Covid-19, a Floresta Amazônica sofre com índices recordes de desmatamento na chamada Amazônia Legal – que engloba os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.

Segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a prática cresceu 279% em março deste ano, em comparação com o mesmo período em 2019. 274 quilômetros quadrados foram derrubados em um mês – maior registro em dois anos.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) também detectou sinais de aumento da exploração da principal floresta tropical do mundo. No primeiro trimestre deste ano, o satélite Deter-B – que monitora os desmatamentos, praticamente, em tempo real – detectou um aumento de 51,45% dos alertas de desmatamento emitidos em relação ao mesmo período do ano passado.

Os dados apontam que foram emitidos alertas para 796,08 quilômetros quadrados de área verde – maior registro em quatro anos, desde o início da série. As áreas sob proteção que sofreram mais impactos no primeiro trimestre do ano são a Floresta Nacional do Jamanxim e a Área de Proteção Ambiental do Tapajós, ambas no Pará, onde a legislação foi afrouxada.

Mudanças na lei ‘regularizam’ grilagem

O Pará foi o segundo mais desmatado, com 23% da área atingida. O estado perde apenas para o Amazonas (31%).

Sancionada pelo governo do estado em julho de 2019, a Lei 8.878/2019 facilita a regularização de áreas da floresta em aproximadamente 20 milhões de hectares – correspondente a pouco mais que todo o território do estado. Considerando o período entre agosto do ano passado – um mês após a aprovação da lei – e a publicação dos últimos dados do SAD, nota-se um aumento de 72% no desmatamento da floresta em comparação com o mesmo período anterior.

Os dados informam ainda que a principal categoria de áreas atingidas pelo desmatamento é justamente a de áreas “privadas ou sob diversos estágios de posse” (57%) – o restante foi registrado em “assentamentos” (31%), “Unidades de Conservação” (9%) e “Terras Indígenas” (4%).

Degradação ambiental se manteve estável

Os índices de degradação, que indicam cortes e queimadas seletivas, se mantiveram estáveis, registrando 24 quilômetros quadrados de áreas atingidas.

Para os pesquisadores, embora esse tipo de exploração seja um estágio intermediário entre a floresta intacta e a que foi transformada em pasto, ainda compromete as capacidades do bioma em contribuir para o balanço hídrico, climático e de carbono do ambiente. Nessa categoria, Roraima concentrou 56% dos registros, seguido por Pará (20%) e Mato Grosso (8%).


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