Dinamização é o grande desafio para o avanço do ecossistema de investimentos e negócios de impacto no Brasil nos próximos cinco anos
Por: GIFE| Notícias| 01/03/2021Para dar continuidade ao trabalho e seguir com sua missão de apoiar e fortalecer o campo, a Aliança lançou recentemente um novo conjunto de recomendações para o período 2020-2025.
Em 2015, a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto definiu 15 recomendações para promover o avanço do ecossistema de impacto brasileiro até 2020, envolvendo metas de desenvolvimento e engajamento de novos atores, como famílias de alta renda, fortalecimento de incubadoras e aceleradoras, expansão e capitalização de fundos socioambientais rotativos, entre outras. No ano passado, as recomendações entraram em um período de análise sobre o avanço produzido em cada uma delas ao longo desses cinco anos, o que deu origem à publicação O Ecossistema de Investimentos e Negócios de Impacto entre 2015 e 2020.
As 15 diretrizes elaboradas para os últimos cinco anos dão lugar a nove metas que envolvem:
– fomento a dinamizadores de impacto;
– fortalecimento de coalizões locais voltadas a negócios de impacto;
– ampliação e qualificação sobre monetização dos impactos socioambientais;
– disseminação e incentivo de portfólios voltados ao impacto;
– criação de laboratórios de inovação e linhas de crédito;
– ampliação de organizações que apoiem negócios de impacto periféricos ou em territórios vulnerabilizados;
– criação de teses de impacto ambiental positivo;
– aproximação do ecossistema de negócios de impacto de redes e expertises de tecnologia;
– coconstrução de narrativas que aproximem públicos de interesse à causa dos investimentos e negócios de impacto.
Desafios
Diogo Quitério, coordenador da Aliança pelo Impacto, explica que o processo de elaboração das novas recomendações teve início com a escolha da metodologia do pensamento sistêmico que, por sua vez, determina a definição de um desafio. O grupo elegeu a dinamização do ecossistema de investimentos e negócios de impacto no Brasil, atualmente insuficiente para mobilizar recursos técnicos e financeiros para negócios de impacto.
Para o coordenador, as nove recomendações podem endereçar a questão por estarem focadas em um mesmo objetivo: diversificar, fortalecer e conectar organizações responsáveis por dinamizar o ecossistema de impacto. “A nossa tese é que o sucesso dessas organizações representam diretamente mais e melhores negócios de impacto em operação e mais recursos financeiros de diferentes fontes disponíveis para investimento nesses negócios”, afirma.
Além dessa questão transversal a todas as diretrizes, também existem desafios e questões específicas a serem observadas em cada uma das recomendações. A partir de sua vivência no campo, Diogo defende que a comunicação de impacto efetiva tem sido um desafio e um entrave constante no ecossistema, o que levou o grupo a transformá-la em uma recomendação.
O coordenador comenta que a ideia não é padronizar as mensagens, uma vez que diferentes públicos devem conhecer diferentes propostas de valor para investir com impacto, mas sim “potencializarmos as evidências de que há muitas novidades em curso nesse ecossistema – para que as narrativas e experiências bem sucedidas possam chegar a mais canais e públicos estratégicos”.
O papel do investimento social privado
Investimentos e negócios de impacto constituem uma agenda que encontra cada vez mais espaço de debate entre organizações do investimento social privado (ISP). Desde 2016, por exemplo, o GIFE conta com uma rede temática sobre o tema.
Diogo defende que o interesse pelo campo é natural, uma vez que os negócios combinam impacto socioambiental positivo e alta rentabilidade. O desafio, entretanto, é que ainda não existe um vasto número dessas empresas, sendo, portanto, necessário fomentar a infraestrutura para que os negócios se multipliquem.
“O investimento social privado deve contribuir na criação e sustentação de um ecossistema que possa impulsionar a jornada de empreendedores de impacto e de produtos financeiros que possibilitem que diferentes perfis de pessoas e organizações possam aportar capital comprometido com transformações socioambientais”, comenta o coordenador.
Além disso, espaços como a rede temática e a atuação de institutos, fundações e empresas junto a negócios de impacto podem trazer novos atores para a conversa. “Eu vejo o ISP como uma porta de entrada para que as grandes empresas conheçam o ecossistema de impacto e entendam como podem aproveitar-se dele para repensar suas inovações em direção à geração de impacto socioambiental positivo.”
Acesse
As novas recomendações da Aliança pelo Impacto podem ser acessadas neste link. Todo o processos de elaboração, bem como o detalhamentos das diretrizes, estarão disponíveis na publicação Visões de Futuro para a Agenda de Impacto no Brasil – Recomendações para Avanço dos Investimentos e Negócios de Impacto no Brasil até 2025, a ser lançada em breve.