Metodologia da Fundação Telefônica Vivo incentiva empreendedorismo social jovem

Por: GIFE| Notícias| 08/01/2018

Muitas pessoas não sabem como colocar suas ideias em prática por medo ou falta de incentivo. Entre os jovens, o número de novos empreendedores que não dão continuidade às suas propostas pode ser ainda maior, pela falta de experiência e insegurança. Como uma forma de incentivar que jovens brasileiros entrem no mundo do empreendedorismo de impacto social, a Fundação Telefônica Vivo disponibilizou a metodologia Pense Grande.

Criado em 2013, o programa, que já envolveu mais de 40 mil jovens, tem como objetivo formar e incentivar a juventude a criar e implementar novas soluções para transformar a vida em sociedade. Em quatro anos, mais de 10 mil jovens que vivem em situações de alta vulnerabilidade passaram pela formação e 45 projetos foram incubados, vindos de diferentes estados do país, como Pará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, entre outros.

Segundo Mila Gonçalves, gerente de Programas Sociais da Fundação Telefônica Vivo, a organização já estava em contato com secretarias e instituições desde 2015, uma vez que essas solicitavam que as formações do Pense Grande pudessem ser desenvolvidas em seus territórios. Mila defende que essa motivação de levar a metodologia para diferentes espaços deve-se ao fato de existirem poucos programas focados neste tema.

Para atender a demanda, expandir e dividir o conhecimento acumulado ao longo desse tempo, a Fundação organizou um PDF sobre a Metodologia Pense Grande. Segundo a gerente de programas, essa foi a forma encontrada para atender a oportunidade que a demanda trazia, com foco no menor custo e na abrangência geográfica.

“Neste cenário, entendemos que sistematizar e disponibilizar a metodologia era uma forma de aumentar o impacto do programa. Revisitamos, portanto, toda a tecnologia desenvolvida – que havia sido criada em 2013 e estava diluída em diversos documentos e guias – e estruturamos os aprendizados do período. Com o documento pronto, pudemos licenciá-lo em Creative Commons permitindo e estimulando que essa metodologia seja apropriada e utilizada pelo maior número de pessoas possível”, explica a gerente.

Programa Pense Grande  

Para entender como o material foi estruturado é preciso compreender como funciona o Programa Pense Grande. A Fundação escolheu dividir a cultura do empreendedorismo de impacto social com tecnologia digital em três eixos de atuação: formação, apoio e fortalecimento.

No eixo formação, pessoas interessadas pelo mundo do empreendedorismo entram em contato com ferramentas e estratégias para desenvolver soluções para suas comunidades. Em apoio, os participantes recebem recursos para estruturar suas ações. Por fim, em fortalecimento, os jovens empreendedores são conectados com instituições e outras iniciativas e possíveis investidores. As três frentes de trabalho visam um maior diálogo e impacto na população de 15 a 29 anos.

Segundo Mila, ter como foco a atuação com o público dessa faixa etária é importante, já que suas ideias nem sempre são consideradas como válidas. “As sugestões que surgem nestes ambientes entre jovens em situação de alta vulnerabilidade, em geral, não são percebidas como sementes de negócios possíveis, seja por falta de conhecimento ou mesmo informação estruturada de empreendedorismo para ‘tirar a ideia do papel’, ou por falta de estímulo, apoio e investimento para implementá-la”.

O próprio documento da metodologia traz dados sobre essa realidade. Segundo Luciana Aguiar, da Plano CDE, empresa que realiza pesquisas junto às classes C, D e E, os empreendedores jovens que vivem em comunidades têm menos acesso à crédito, assistência técnica e formação, além da dificuldade para o projeto ou proposta ganhar escala.

É preciso, então, estimular a ampliação de repertório do jovem e dar ferramentas necessárias para que ele entenda o empreendedorismo como uma possibilidade de projeto de vida, seja a partir de oferta de processos e de programas de empreendedorismo, incubadoras ou aceleradoras focadas especificamente nesse público.

O público-alvo do programa relaciona-se diretamente à escolha de incentivar novas iniciativas em empreendedorismo de impacto social. “Em um contexto de dificuldades e limitações por conta de desigualdades sociais, os negócios de impacto social, pensados a partir de problemas locais, tem poder de transformação muito maior e mais efetivo. Eles são uma forma de perceber o mundo e de interagir com ele de forma mais justa, solidária e sustentável para a comunidade”.

A metodologia

A partir de dicas, exercícios e textos informativos, o material, ao reunir a experiência do programa durante os quatro anos que foi realizado no Brasil, tem como objetivo apoiar esses jovens a tirarem suas ideias do papel e incentivar atitudes inovadoras.

A publicação  é dividida em dez temas, que trabalham conteúdos sobre empreendedorismo, tecnologia e impacto social. São eles: “o indivíduo”; “empreendedorismo social e tecnologia”; “comunidade”; “oportunidade”; “modelo de negócio”; “equipe”; “prova de oportunidade”; “prova da solução”; “pitch” e “próximos passos”. Todos os assuntos têm a mesma estrutura: introdução, o que o capítulo propõe, bora fazer!, saiba mais e diário de bordo.

Com pouco mais de 250 páginas, o guia pretende apoiar qualquer pessoa, os chamados multiplicadores, que desejam aplicar a metodologia Pense Grande na sua região. Mila ressalta que o material foi pensado a partir da lógica de multiplicação, isso é, se destina para todos que desejam multiplicá-lo e espalhar sua mensagem.

“Ele pretende ser o mais auto instrucional possível dando possibilidades de abordagens para os diversos temas que compõe o programa. O objetivo maior desta sistematização é permitir que uma pessoa que queira seja capaz de aprender com o material e, ao mesmo tempo, seja convidada a reunir um grupo de outros que tenham interesse, de forma a facilitar as discussões do programa, adaptando o conteúdo à realidade de tempo e repertório do grupo”, defende a gerente.

O material ainda traz dicas para mobilizar os jovens, por exemplo: como encontrar um local para as formações, ideias de cronograma, métodos de divulgação, materiais e recursos necessários, combinados a serem estabelecidos com o grupo, formato das oficinas, fechamento e próximos passos.

Segundo Mila, a realização do programa mostrou que há muito o que aprender com os jovens. “Temos muito mais a trocar do que a ensinar. A certeza é de que a construção coletiva de processos e metodologias é muito mais rica do que aquela que acontece em um grupo fechado sem interlocução com quem de fato aplica ou recebe o conhecimento”, defende.

Além disso, ela destaca que a elaboração do guia foi possível pois muitos dos territórios onde o programa foi aplicado contribuíram diversas vezes com a atualização da metodologia, colhendo resultados diários, além dos esforços da própria Fundação. “A persistência se mostrou característica fundamental para garantir êxito do programa: seus resultados demoraram anos para serem alcançados. Aprendemos que a linguagem é fator determinante na interface com o público que é foco do nosso trabalho e que os níveis de desenvolvimento dos jovens só podem usar réguas que comparem o trabalho do início ao status final em uma jornada muito única e particular, abandonando a lógica de padronizações e expectativas coletivas”.

Acesse

O guia da metodologia Pense Grande está disponível na íntegra nesse link.


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