Movimento Arredondar propõe doação simples para contribuir com causas sociais

Por: GIFE| Notícias| 16/07/2018

É possível chegar a R$ 2 milhões juntando centavo por centavo? O Movimento Arredondar prova que sim. Criada em 2011, a iniciativa, associada ao GIFE, foi uma das quatro vencedoras do primeiro edital do Fundo BIS, fundo brasileiro destinado exclusivamente para ampliar a cultura, o volume e a qualidade das doações no país.

Nesta primeira edição da chamada de projetos, o Fundo teve aportes do Instituto Arapyaú, do Instituto C&A, do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e do Instituto Cyrela, enquanto que a incubação ficou a cargo do GIFE.

Entre 218 inscritos, o Arredondar foi um dos destaques, com uma proposta simples, mas eficiente: arredondar o valor da compra e doar a diferença para organizações da sociedade civil. Isso significa que, nas lojas parceiras, em vez de pagar R$ 18,60 numa compra, o consumidor paga R$ 19.

Esses centavos a mais são destinados a organizações que trabalham pelos oito Objetivos do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU), que são: acabar com a fome e a miséria; educação básica de qualidade para todos; igualdade entre sexos e valorização da mulher; redução da mortalidade infantil; melhoria da saúde das gestantes; combate da AIDS, malária e outras doenças; qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e trabalho pelo desenvolvimento.

Nina Valentini, diretora executiva do Arredondar, explica que a história da organização começou com a vontade de Ari Weinfeld de incentivar a cultura de doação no Brasil. O empresário do setor têxtil, que já efetuava doações, decidiu juntar-se a outros profissionais para fundar o Arredondar. “Em 2012 e 2013, construímos as bases tecnológicas e tributárias, além de montar um sistema de transparência, para em 2014 lançar a iniciativa com maior escala no varejo”, explica Nina.

Segundo a diretora, o objetivo principal do movimento é democratizar o acesso às doações e, com isso, promover a cultura de doar a partir de novas formas de cooperação coletiva, gerando impacto social. “O bacana das microdoações é possibilitar que muitas pessoas doem de uma forma simples e transparente, dentro do hábito delas, sem que isso seja uma transação onerosa, que exija demais de cada um.”

A crença de que qualquer contribuição é válida é respaldada pelos números do movimento. Nesses anos de caminhada, mais de sete milhões de doadores quiseram arredondar o valor de suas compras, contribuindo com mais de dois milhões de reais. “Eu gosto de falar que o modelo do Arredondar, das microdoações, pode ser uma porta de entrada para vários tipos de engajamento. Nós recebemos muitas histórias de clientes que viraram doadores mais recorrentes ou voluntários de alguma organização que apoiamos porque arredondar no final da compra foi um primeiro contato com a doação. O nosso trabalho desde 2011 é usar a força do varejo para a mobilização de milhões de pessoas que compram todos os dias para causas sociais”.

Expansão e a chegada na internet

O Arredondar foi implementado primeiramente no varejo, já que essa ainda é a forma predominante de consumo. Entretanto, Nina conta que sempre foi uma vontade da equipe levar a iniciativa para o mundo online e implementá-la no e-commerce. A falta de recursos financeiros para o desenvolvimento tecnológico e a inexperiência no começo do negócio impossibilitaram a empreitada.  

“Quando o Fundo BIS abriu o edital, a primeira coisa que pensamos foi em colocar o e-commerce para rodar. Tirar isso do papel e do sonho, já que os recursos do Fundo poderiam custear o desenvolvimento tecnológico e porque nós estávamos prontos para encarar o desafio”, comenta Nina.

A verba do Fundo BIS foi destinada para que a equipe do Arredondar pudesse criar uma plataforma de comunicação para os portais de venda online, além de realizar um desenvolvimento tecnológico que possibilitasse a inserção da ferramenta nessas lojas. Segundo Nina, foram criados e ainda estão sendo aprimorados mecanismos para que o Arredondar funcione em dois dos grandes sistemas utilizados no e-commerce, o que possibilita que qualquer loja que utilize tais sistemas ofereça aos seus clientes a possibilidade de arredondar o valor de suas compras.  

Dessa forma, assim como nas lojas físicas, a doação funciona de forma simples na internet. No final da compra, o consumidor é questionado se deseja arredondar o valor e doar a diferença para causas sociais.

Leonardo dos Anjos, gerente de comunicação do Arredondar, comenta que levar a iniciativa para a internet fortalece a relação das pessoas com o ato de doar. “Enquanto implementar o Arredondar no varejo tem a vantagem de inserir a doação na vida das pessoas, implementar no âmbito das compras online leva o ato de doar para dentro da casa de cada um. Isso fomenta ainda mais a presença da cultura de doação no cotidiano da população”.  

Nina ressalta outro ponto que a internet proporciona: dar mais informações para o cliente sobre o destino do seu dinheiro. “Levar o Arredondar para a internet possibilita uma interação com o cliente que hoje não dá para fazer na loja. Nós conseguimos, por exemplo, mandar mais informações junto com o comprovante de doação, pois temos um campo maior para trabalhar essa informação do que na loja física, onde o espaço é limitado no cupom da doação.”

O fato de as vendas online não terem a mesma dinâmica de rapidez do mundo físico também é ponto positivo. “No varejo, é preciso ser rápido. O caixa oferece a doação para a causa tal, o cliente responde sim ou não, muito obrigado e tchau. No e-commerce, temos a vantagem de fornecer muito mais informação, já que a pessoa não está presa pela questão do tempo. Com o acesso ao nosso site, por exemplo, é possível ver informações transparentes na hora da compra. Nesse sentido, a compra online empodera muito mais o doador final, que pode se informar sobre onde está depositando seu dinheiro”.

Nina completa ao afirmar que foi positiva a receptividade de algumas redes de loja que já trabalham com o Arredondar no mundo físico. Além das parcerias já estabelecidas, outras estão na fase técnica de testes e a Rededots, iniciativa que surgiu como grupo fechado no Facebook para compra e venda de produtos, está fazendo o soft opening de sua loja online, já com a possibilidade de arredondar os valores.


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