Para presidente do Conselho do GIFE, 2024 é ano de continuidade e não de inflexão nas agendas do Investimento Social Privado

Por: GIFE| Notícias| 22/01/2024

Foto: Rafa Neddermeyer - Agência Brasil

Em entrevista ao redeGIFE, Inês Lafer, presidente do conselho de Governança do GIFE, avalia as prioridades dos investidores sociais brasileiros

Nos últimos anos, o Investimento Social Privado (ISP) tem promovido o debate e a definição de diversas agendas em comum. Para entender as prioridades do setor neste ano, conversamos com Inês Mindlin Lafer, presidente do conselho de Governança do GIFE e diretora do Instituto Betty e Jacob Lafer . 

GIFE: É possível fazer uma projeção de quais os focos de investimento social devem predominar em 2024?

Inês Lafer: 2024 não é um ano de inflexão e mudança na agenda que o ISP vinha trabalhando. Construímos um planejamento estratégico aprovado com os associados em Assembleia, fizemos o Congresso do GIFE no ano passado e chamamos atenção para alguns temas. Olhando para esse guarda-chuva da redução das desigualdades, a questão climática, a equidade racial, o fortalecimento da sociedade civil no espaço democrático. Então 2024 é um ano de continuidade de uma agenda pactuada e planejada com cuidado.

O Censo GIFE 22-23 chamou atenção para a ausência de diversidade racial e de gênero nos conselhos deliberativos das organizações respondentes. A partir dessa repercussão, é possível esperar que 2024 seja um ano de mobilização, ainda que inicial, porém mais concreta, para mudar esses números?

Inês Lafer durante o lançamento do Censo GIFE 22-23

I.L.: A questão da equidade racial e de gênero seguem sendo centrais. Estamos falando a algumas gestões e Censos sobre como precisamos transformar nossas organizações filantrópicas de forma que haja mais diversidade na governança. O desafio é como transformar um objetivo em realidade. Não só porque a gente acha legal ter diversidade, mas porque acreditamos que organizações mais diversas podem desenhar projetos e fazer intervenções que vão atender a maioria da população, que hoje é negra e feminina.

Ainda na linha de destaques do Censo, o levantamento mostrou que o Sudeste é a região onde se concentra a maior atuação dos respondentes do Censo GIFE (72%). Movimentos para descentralizar recursos devem estar na pauta do ISP em 2024?

I.L.: Também é um assunto de continuidade. Não é de hoje que olhamos para o investimento social estruturado e vê que há uma concentração no Sudeste. Obviamente tem uma concentração de investidores e de recursos alocados no Sudeste. É uma agenda antiga do GIFE, não sei se descentralizar, mas ampliar o que é feito fora do eixo Sudeste. Vontade não falta, mas é um desafio mobilizar os outros parceiros. 

Na COP-28, o Brasil se tornou o primeiro país do Sul Global a mobilizar um compromisso nacional da filantropia sobre mudanças climáticas. Esse deve ser um fator ainda mais determinante na atuação do ISP na agenda em 2024? 

I.L.: É um dos desafios da filantropia, e para a gente no ambiente GIFE. Porque quando falamos de emergência climática, entram muitas coisas. Ao mesmo tempo, não temos tantos associados na base que estão voltados especificamente para esse tema. Eu acho que assim como equidade racial, a questão climática também é, às vezes, um foco transversal. Então é um desafio transformar esse desejo de que seja diferente em, de fato, projetos e intervenções. Temos associados e agentes da filantropia muito envolvidos em pressionar os governos e os legisladores para que tenhamos de fato compromissos nacionais, compromissos do Brasil com o mundo, para entender o que podemos fazer diferente. Esperamos poder colocar esforços para que os investidores sociais possam se envolver cada vez mais com esse tipo de intervenção.


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