Plataforma de Financiamento Coletivo da SITAWI já ultrapassou R$ 1 milhão em empréstimos a negócios de impacto

Por: GIFE| Notícias| 29/07/2019

A crescente busca por alinhamento entre propósito e carreira tem mudado o relacionamento de empresas e funcionários nos últimos tempos. Profissionais, especialmente a geração mais jovem, têm demonstrado cada vez mais preocupação com causas sociais e ambientais e como isso se articula com sua trajetória profissional.

Recentemente, esse movimento ocasionou o aumento do interesse pelos investimentos de impacto. No entanto, a maioria dos instrumentos de investimento de impacto existentes no Brasil exige que os investidores sejam qualificados ou profissionais, restringindo a participação de pessoas físicas nesse tipo de investimento. O chamado investidor de varejo, apesar de ser o maior volume de contas no Brasil e em conjunto ter um volume de recursos aplicados de R$ 1,7 trilhões (ANBIMA, 2017), tem pouco acesso à modalidade.

Por outro lado, metade dos negócios de impacto que estão captando necessita de tickets entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão, segundo pesquisa da Pipe.Social, volume que é muito grande para microcrédito ou financiamento dos próprios empreendedores e ainda pequeno para fundos de venture capital ou dívidas estruturadas. Por esse motivo, a maioria dos negócios apresenta elevada taxa de mortalidade ainda no estágio inicial, o chamado ‘vale da morte’.

Pensando nisso, algumas iniciativas começam a ser criadas com foco na democratização do acesso de investidores não profissionais, ou seja, aqueles que dispõem de valores inferiores a 10 milhões de reais em ativos financeiros. Essas ferramentas permitem que pessoas físicas possam fazer investimentos em empresas, seja via participação acionária – conhecido como investimento coletivo (equity crowdfunding) –, seja via cessão de dívida (peer-to-peer – P2P). É o caso da Plataforma de Financiamento Coletivo, lançada recentemente pela SITAWI Finanças do Bem em parceria com o Instituto Sabin, que permite que pessoas e organizações invistam diretamente em negócios de impacto socioambiental positivo.

Os interessados podem pesquisar o perfil, impacto e projeções financeiras de cinco negócios de impacto selecionados pela SITAWI nessa primeira rodada (UpSaúde, Orgânicos in Box, CoopSertão, Stattus4 e Inteceleri) e investir no que escolherem com valores a partir de R$ 1 mil. A seleção levou em conta o crescimento do negócio, a sustentabilidade financeira, o impacto e a liderança.

Os negócios usarão o dinheiro para alavancar suas operações e pagarão juros de 1% ao mês pelo empréstimo. Em até 24 meses, os investidores terão recebido de volta todo o capital emprestado acrescido dos juros. A operação é realizada através do modelo de P2P lending em parceria com a CapRate.

Lançada em junho, a iniciativa já ultrapassou R$ 1 milhão em empréstimos, sendo que dois dos cinco negócios já alcançaram sua meta, bem antes do fim do prazo para captação em 12 de agosto. Nos próximos meses, novos negócios selecionados pela SITAWI Finanças do Bem entrarão na plataforma, o que pode levar à captação de até R$ 2,5 milhões.

“A sociedade e, cada vez mais, as novas gerações demandam respostas sobre o que o seu consumo, trabalho e investimentos estão gerando. Não é à toa que, em resposta a isso, o investimento de impacto vem crescendo tanto. No mundo já são mais de 500 bilhões de dólares em ativos sob gestão. Isso tem um poder imenso. O dinheiro é uma grande força motriz e os nossos investimentos e hábitos de consumo podem transformar o mundo”, afirma Andrea Resende, gerente de investimento de impacto da SITAWI.

A gerente observa que a modalidade não só permite a entrada de investidores do varejo no investimento de impacto, como também propõe um instrumento que se assemelha à dinâmica da renda fixa, com retornos mensais de juros, mais próxima da realidade desse tipo de investidor. “Dessa forma, os investidores podem investir seu dinheiro de forma consciente em empresas que geram impacto socioambiental positivo com condições de pagamento pré-definidas.”

Para Andrea, para democratizar o investimento de impacto, faz-se necessário, por um lado, a ampliação de produtos nos quais mais pessoas físicas possam investir, e por outro, uma análise cuidadosa, tanto do negócio quanto do impacto, e o acompanhamento dos empreendedores durante o período do empréstimo, que permite explicitar e reduzir os riscos.

“Na plataforma é possível investir em várias organizações de forma transparente e com a curadoria e coinvestimento da SITAWI, o que minimiza o risco para os investidores pessoas físicas”, observa.

A gerente ressalta ainda que, como essa inovação começa em pequena escala, o custo de avaliação e acompanhamento pode onerar demais as transações pequenas. “O blended finance, que combina capital de desenvolvimento para atrair capital de mercado, foi uma grande chave para possibilitar essa iniciativa, e a parceria com o Instituto Sabin foi fundamental nesse sentido”, afirma.


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