Projeto incentiva alunas a liderar iniciativas agrícolas em Goiás

Por: Fundação Banco do Brasil| Notícias| 26/11/2018

Coletivo agroecológico investiu em irrigação no cultivo de alimentos e apicultura

“Lugar de mulher do campo é na cozinha?” Esta frase é ultrapassada para boa parte das alunas da Escola Familiar Agrícola de Goiás, na região da antiga capital do estado. As mulheres agora desempenham papeis no cultivo da plantação e na administração da propriedade e conseguem financiamento para seus projetos.

Elas são a maioria num grupo de 22 jovens que formaram um coletivo agroecológico vinculado à Associação de Pais e Alunos da Escola da Família Agrícola de Goiás (EFAGO). A proposta para formar o coletivo foi selecionada no edital do Programa de Juventude Rural. Cada integrante entrou com um projeto de produção, beneficiamento ou comercialização de produtos agrícolas, com base em agroecologia. O recurso de R$ 200 mil reais distribuídos entre os participantes foi investido principalmente em irrigação e apicultura.

Nayara Rodrigues, de 22 anos, disse que o investimento foi um estímulo para as mulheres se voltarem para a produção.  “Com o projeto, a gente conseguiu ter mais iniciativa e tomar a frente.” Ela usou o verba para plantar milho e maracujá. “Esse investimento foi bom porque possibilitou ter lucro com aquilo que gostamos de fazer. A gente teve a oportunidade de escolher o que queria”, explica.

“Ficamos mais independentes, não dependendo tanto dos homens, do marido e dos pais. Foi um incentivo para os jovens continuarem no campo”, afirma Ana Paula Ferreira, de 29 anos, que mantém um apiário no mesmo lote onde fica a casa em que vive com a família.

A participante Jéssica Souza, de 24 anos, diz que a mentalidade em relação aos papeis de mulheres e homens no campo vem mudando. “A gente começa a perceber que é capaz de fazer as duas coisas, tanto ficar em casa, como também participar na roça, como o homem também começa a perceber que ele pode fazer as duas coisas”.

Junto com o marido Édipo Santana, Jéssica cultiva milho, quiabo e jiló, com a ajuda dos pais dela, em uma área de um hectare e meio. De acordo com eles, as capacitações oferecidas dentro do Juventude Rural ajudaram a perceber novas possibilidades de produção e comercialização. O resultado tem sido positivo e eles até pensam em ampliar o empreendimento. “A gente tá pensando em aumentar mais a produção e buscar mais comércio, talvez tenha que empregar mais pessoas para ajudar”, afirma Édipo.

“Grande parte da juventude que participou desse projeto está no campo, voltou pra trabalhar com as famílias e tem hoje um trabalho específico dentro da propriedade”, destacou Iracélia Ferreira, professora e ex-presidente da Associação de Pais e Alunos da Escola da Família Agrícola de Goiás – EFAGO.

O que é agroecologia

A agroecologia é uma forma de cultivo que integra diversas espécies no mesmo ecossistema, respeita os ciclos da natureza, otimiza o uso dos recursos (água, incidência de luz solar, ocupação do solo) e dispensa o uso de agrotóxicos.  O combate às pragas é feito por meio de predadores naturais, como os insetos.

Juventude Rural

O edital Juventude Rural é uma iniciativa da Fundação Banco do Brasil em parceria com o BNDES e a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ/SGPR). O objetivo é gerar oportunidades de emprego e renda para pessoas de 15 a 29 anos permanecerem no campo. Foram selecionados 49 propostas, apresentadas por entidades de agricultores familiares ou de extrativistas, pescadores artesanais e povos tradicionais.


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