Se nada for feito, Brasil vai perder um “Acre” para o desmatamento

Por: GIFE| Notícias| 18/04/2022
São vários os alertas sobre o impacto da destruição das florestas no Brasil, seja para o desmatamento ou para o fogo.

Uma das regiões mais conservadas da Amazônia, o Médio Rio Purus, no sul do Amazonas, pode chegar a cerca de 170 mil km² de área desmatada até o ano de 2050 – isso é superior ao tamanho do estado do Acre. A análise integra o relatório da Campanha #IsoladosOuDizimados, do Instituto Socioambiental (ISA).

“A baixa governança e a perspectiva da pavimentação da BR-319 representam um alto potencial para o estímulo do desmatamento na região, uma vez que propiciará acesso a vastas áreas de floresta hoje preservadas. A abertura de novas fronteiras de desmatamento pode representar taxas de 9,4 mil km² por ano até 2050 na região, taxa similar à verificada no ano de 2019 para toda a Amazônia Legal, de 10,129 km²”, afirma Antonio Oviedo, coordenador do Programa de Monitoramento de Áreas Protegidas do ISA.

A publicação alerta que se o atual cenário de destruição florestal continuar, isso pode comprometer inúmeras áreas protegidas na região, desde terras indígenas com a presença de povos isolados a unidades de conservação, situadas no Médio Rio Purus, como a Reserva Extrativista (Resex) do Médio Purus, Resex Ituxi, Flona do Iquiri, que já enfrentam invasões descontroladas de madeireiros ilegais e grileiros.

De acordo com o Instituto, as invasões e desmatamento no sul do Amazonas podem impactar a vida de indígenas isolados, já que essas áreas de conservação são usadas para circulação dos mesmos. Além de colocarem em risco a vida de outras populações tradicionais que vivem no interior desses territórios.

Incêndios florestais

Entre 2002 e 2016, aproximadamente 423 milhões de hectares ou 4,23 milhões de km² da superfície terrestre, área do tamanho da União Europeia, foram perdidos para os incêndios. 

E cerca de 67% da área global queimada encontra-se no continente africano. Esses dados compõem o recente Relatório Fronteiras, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Ao olhar para a Amazônia brasileira, segundo informações do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), foram registrados, até o mês de dezembro, 73.494 focos de incêndio. O estado do Amazonas, no mesmo período, contabilizou mais de 14 mil focos, tornando o ano passado o terceiro pior da história.

“Isso se deve à mudança climática, com temperaturas mais quentes, condições mais áridas e secas mais frequentes. A mudança no uso da terra é outro fator de risco, incluindo a exploração madeireira comercial e o desmatamento para expansão de propriedades rurais, pecuária e expansão de cidades”, aponta o relatório da agência das Nações Unidas.

Confira os dois relatórios: Relatório Fronteiras, do PNUMA, e #IsoladosOuDizimados, do ISA.


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