Com 80 anos de história, Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa chega ao GIFE

Por: GIFE| Notícias| 08/07/2018

O mais novo associado do GIFE já tem um longo caminho percorrido, cheio de mudanças e experiências adquiridas. A Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa (SBCI) foi criada em 1934 com o objetivo de difundir a cultura britânica no Brasil a partir do ensino da língua inglesa.

Luiz Carlos Daltro Malta, diretor-presidente da SBCI, conta que a fundação aconteceu em um contexto mundial ainda incerto. Na época, pós Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra começou a visitar diversos países com o objetivo de recuperar sua hegemonia comercial. No Brasil, prevalecia a cultura francesa nos hábitos, linguagem e vestimentas. Viu-se, portanto, a necessidade de difundir o idioma e os costumes ingleses no país.

Sendo assim, vários empresários ingleses residentes no Brasil organizaram uma associação que funcionava tanto como escola de inglês, como um local de encontros sociais para cidadãos ingleses e brasileiros interessados na cultura inglesa. Com o passar do tempo, o propósito da organização foi cada vez mais centralizado no ensino do idioma.

Durante muitas décadas, a SBCI dedicou-se exclusivamente ao ensino pago. Entretanto, como associação filantrópica desde sua criação, concedia bolsas de estudos em valor equivalente às imunidades tributárias previstas na Constituição Federal para entidades desse cunho. “Da mesma forma que havia benefícios tributários, existia uma série de limitações que não permitiam, por exemplo, a remuneração de diretores e conselheiros. Isso fez com que, não só na SBCI, como em outras entidades filantrópicas, as pessoas dedicassem cada vez menos tempo ao ensino do idioma, por não ser uma atividade remunerada. Além disso, o Brasil não tem uma grande tradição no campo da filantropia”, explica Luiz Carlos.

Na época, a SBCI contava com mais de 35 mil estudantes espalhados pelas unidades localizadas nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Espírito Santo e Distrito Federal. Por volta de 2004, os associados da SBCI decidiram que seria preciso dividir as atividades. A operação do ensino remunerado passaria a ser desenvolvida por uma Sociedade Anônima, ou seja, uma empresa contribuinte sem nenhum benefício tributário. Assim, houve a criação da Cultura Inglesa S.A. A SBCI passou a ser acionista da Cultura Inglesa, dedicando-se exclusivamente ao ensino gratuito.   

“Com a separação, começamos a estruturar nosso projeto de ensino gratuito, que começou em 2008. São dez anos atuando dessa forma”.

Reestruturação e captação de alunos

Com a mudança institucional, foi preciso pensar em uma nova estratégia. Em 2004, quando houve a separação, a SBCI pagava pelos custos dos alunos bolsistas que frequentavam a Cultura Inglesa. Em 2008, a entidade decidiu abrir o seu centro de ensino, com professores, estudantes e métodos próprios.

O que antes eram 200 alunos, hoje são 3.500, número atingido com a ajuda de inúmeros parceiros. Luiz Carlos explica que estabelecer um relacionamento com organizações da sociedade civil (OSC) ajudou em inúmeros aspectos, principalmente na questão administrativa.

“Hoje, nós temos uma escola com 3.500 alunos. São cerca de 67 funcionários. Desses, 37 são professores que estão em sala de aula e 15 pessoas da coordenação. Por isso, a nossa base administrativa é curta. Não teríamos como fazer determinadas tarefas que escolas remuneradas normalmente fazem, como controle de presença. Por isso, a ideia foi estabelecer parcerias com ONGs que já têm boa atuação em comunidades e que essas organizações fizessem a captação e administração desses alunos”.

A possibilidade de ter uma estrutura menor de pessoal no centro administrativo permite, segundo Luiz Carlos, reverter mais recursos aos bolsistas. Sendo assim, é necessário que todos os estudantes da SBCI estejam ligados a uma organização, uma vez que são elas que fazem a captação e seleção daqueles que receberão a bolsa de estudos.

“Os parceiros ajudam muito a escolher qual aluno está mais apto naquele momento a estudar inglês. Uma organização pode achar que um aluno não vai ter oportunidade de estudar em outro local porque não tem condições financeiras para pagar um curso. Porém, muitas vezes esse aluno não pode arcar nem com a passagem até a escola. Ou a vida dele é atribulada em termos de atividades da escola e trabalho, ou ele mora numa região muito longe, ou simplesmente não consegue encaixar o curso naquele momento da vida. Então, o parceiro, com o conhecimento da comunidade onde está inserido, consegue nos ajudar a escolher quais alunos podem dedicar um tempo para o estudo naquele momento”, explica Roberta Terziani, gerente de operações da SBCI.

Esse apoio na captação dos estudantes que mais precisam da bolsa desdobra-se em diferentes frentes. Segundo Roberta, a cada semestre, a SBCI faz um levantamento de indicadores de cada organização a partir do comportamento dos bolsistas indicados por ela. Alguns aspectos documentados são evasão, cancelamento do curso, aprovação e reprovação de alunos. “Nós repassamos esses indicadores para os parceiros e os ajudamos a fazer um próximo processo seletivo mais adequado”.

Modelo de financiamento e associação ao GIFE

Ao longo de mais de 70 anos de atuação, a SBCI acumulou um patrimônio financeiro oriundo dos valores pagos pelos cursos de inglês. Atualmente, a entidade se mantém com a gestão financeira dos rendimentos das aplicações desses recursos, com o valor do aluguel de imóveis e também com uma taxa de anuidade paga pelos associados.

Com dez anos de atuação nesse novo modelo, a associação ao GIFE é vista como uma estratégia para dividir os aprendizados acumulados e também aprender com as experiências de outros associados.

“Nós temos muito interesse em receber informações de outros atores envolvidos com investimento social privado. Também buscamos trocar experiências para saber onde podemos melhorar. Nós ficamos muito tempo construindo esse projeto. Hoje, já temos conhecimento para compartilhar com quem quer aprender com a gente. Percebemos que o GIFE é o que há de mais interessante para que possamos nos aproximar de outras instituições”.


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