Aprendizados do X Congresso GIFE apontam tendências e oportunidades para o ISP

Por: GIFE| Notícias| 30/04/2018

 

O mês de abril foi intenso para o investimento social privado (ISP), tendo como ponto alto a realização da décima edição do Congresso GIFE, de 4 a 6 de abril, em São Paulo. Ao longo de três dias, foram mais de 18 mesas e 81 palestrantes na programação fechada, além de 30 mesas e 110 palestrantes nas atividades abertas.

Para fechar este período, o RedeGIFE preparou um especial, retomando as principais discussões do evento, com destaque para aprendizados que as mesas e debates trouxeram ao campo. As ideias podem nortear a caminhada das organizações em 2018 e nos próximos anos. Os debates completos podem ser conferidos agora em vídeos no canal do YouTube do GIFE (clique aqui para conferir) e inscreva-se para ficar por dentro dos lançamentos.

Confira a seleção de 10 aprendizados do evento:

1. Fortalecer as organizações da sociedade civil
Não há como pensar numa democracia forte e renovada, sem uma sociedade civil fortalecida, plural e diversa. Essa foi, sem dúvida, uma das falas que mais se reverberam nos debates promovidos pelo Congresso. Para que os direitos fundamentais sejam mantidos e que os retrocessos não avancem ainda mais no país, é fundamental que os investidores invistam, deem voz e apoiem a atuação das organizações da sociedade civil. Isso significa atuar junto, investir recursos, abrir canais de diálogo e participação, dar às organizações a autoria e o papel de ator-principal nas causas.

2. Investir em temas emergentes e urgentes da sociedade
Diversidade, equidade, raça, gênero, mudanças climáticas, ciência, justiça social… Temas que estão na pauta cada vez mais forte da sociedade também precisam entrar, de forma urgente, na agenda dos institutos, fundações e empresas, se a proposta é termos de fato uma sociedade mais justa e sustentável. Estes assuntos, ainda tímidos em grande parte dos projetos e programas dos investidores sociais, foram foco de diversas mesas de debate e o recado foi um só: não é possível mais ficar indiferente, avesso ou paralisado diante destas temáticas. Elas devem ser inseridas, com olhar atento e transversal, em tudo o que as organizações se propuserem a fazer daqui para frente.

3. Fomentar a cultura de doação

Este é, sem dúvida, uma pauta fundamental, na opinião de vários especialistas que passaram pelo Congresso, para uma atuação forte do ISP. As formas de realizar isso são diversas: seja apoiando iniciativas de advocacy que buscam alterar legislações, a fim de criar um ambiente mais favorável e incentivar das doações, seja realizando pesquisas e estudos para entender o campo, ou até mesmo criando campanhas de comunicação, mecanismos internos para incentivar funcionários a se engajar nessa também, assim como ampliando as suas próprias doações para as organizações da sociedade civil.

4. Ampliar iniciativas de cocriação, com ações em rede e agendas mais inovadoras
Fazer junto. Algo que já vem sendo falado há certo tempo entre os investidores ganha ainda mais força diante do momento atual do país, em que recursos se tornam cada vez mais escassos e a necessidade de conseguir avançar diante de velhos desafios e demandas sociais e ambientais. E esse processo de cocriação deve ser assumido de fato de forma genuína pelos institutos, fundações e empresas, superando agendas individuais e olhar para dentro, e sim encontrar agendas comuns, colocando cada um suas expertises, conhecimentos e até mesmo recursos direcionados a um bem de interesse público maior. Vivenciar isso em rede, inclusive, pode trazer tantos ganhos que muitos investidores já estão sentindo no dia a dia a vantagem cada vez maior de atuar assim: mais escala, otimização de recursos, trocas de experiências e resultados mais efetivos na ponta.

5. Visualizar e apostar em novas formas de atuação diante da queda das fronteiras entre negócios e ISP
Se há alguns anos a discussão era o alinhamento do ISP ao negócio, hoje, o debate vai no sentido de analisar: afinal, há ainda fronteiras claras entre a atuação e foco de ação de institutos e fundações e empresas mantenedoras, por exemplo? Qual a responsabilidade também do setor empresarial diante das agendas sociais, ambientais e culturais? O fato é que as fronteiras se tornam cada vez mais fluídas e os investidores se vêm, inclusive, diante de novas e mais opções de atuação, como, por exemplo, entrar no campo dos negócios de impacto. É o propósito que move e aproxima diferentes instituições e será assim cada vez mais, se a proposta for promover transformações. O importante, lembraram os vários debatedores, é o ISP estar aberto ao risco e apostar na inovação.

6. Investir em processos consistentes, confiantes e transparentes
Governança, transparência, avaliação, métricas, indicadores…Palavras comuns na atuação dos investidores sociais não podem sair de vista e continuam sendo processos fundamentais de serem aprimorados, apontaram os especialistas. Isso porque, apesar dos avanços e profissionalização de vários processos, diante de uma crise generalizada de confiança nas instituições pela qual o mundo passa, o campo social é afetado e, portanto, se faz necessário velar e investir ainda mais em ferramentas, insumos e mecanismos que tragam credibilidade para a atuação do ISP na sociedade.

7. Comunicar mais e melhor para mobilizar públicos diversos
No campo social, é por meio da comunicação que as agendas se concretizam, que as causas se manifestam e que as pessoas se sensibilizam e se engajam em movimentos para gerar conhecimento e mudanças sociais concretas. Porém, a tarefa não é fácil e nem simples diante de uma sociedade cada vez mais conectada, com a proliferação de notícias falsas e uma ampliação de vozes que, muitas vezes, causa mais polarização do que conexões. Buscar narrativas mais engajadoras são ponto crucial para que, inclusive, os investidores tenham mais credibilidade para suas ações e consigam mais impacto de suas atuações.

8. Atuar com foco e olhar a longo prazo a fim de ampliar os impactos na sociedade
Conquistar transformações sociais profundas exige tempo, algo que a sociedade frenética na qual vivemos normalmente não garante. Porém, os investidores devem inverter essa lógica, pois só assim será possível promover mudanças sistêmicas necessárias. Assim, estabelecer parcerias mais duradouras, focar os recursos em causas consistentes e atuar colaborativamente são pontos cruciais para que seja possível pensar no legado que esperamos deixar para as próximas gerações.


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