Combater o desmatamento da Amazônia é lutar pela sobrevivência do planeta

Por: GIFE| Notícias| 05/09/2022

Apesar de toda beleza e riqueza, o território amazônico corre risco devido aos desmatamentos, caça e pesca predatória, além do uso indevido do solo. Além das violências registradas pelos conflitos de território e contra os que lutam pela preservação. Os estados que compõem a Amazônia Legal registraram 28 assassinatos decorrentes de conflitos no campo em 2021, número que representa 80% do total de mortes violentas por disputa de terras em todo o país, segundo o relatório da  Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Braulina Baniwa é mestranda em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) e integrante da ANMIGA. Foto: Alberto César Araújo – Amazônia Real

Braulina Baniwa, mestranda em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) e integrante da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas, Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), convive diariamente com o cenário de retrocessos que estudos, pesquisas e relatórios apontam. A indígena do povo Baniwa afirma que os governantes não possuem plano de manejo para os territórios que considerem a diversidade e viver bem com segurança.

“O Brasil precisa considerar nossa forma milenar de cuidar os territórios. O Brasil precisa parar de dizer que somos problemas. Somos a cura da terra.”

Braulina Baniwa acredita que seja de grande importância a demarcação de territórios, combater o desmatamento e cuidar das doenças que são levadas aos povos indígenas. De acordo com ela, se nada for feito nos próximos anos o cenário é catastrófico. “Vamos ser extintos como povos, é um ataque contra nossas existências.”

Preservação da Amazônia é necessária para controle das mudanças climáticas

Pela diversidade do bioma, a Amazônia também tem um importante papel no clima. Devido às alterações nas emissões de compostos orgânicos voláteis e às emissões de dióxido de carbono, o desmatamento é responsável por ocasionar uma drástica mudança climática no planeta.

O Bioma Amazônico corresponde a mais de 40% do território nacional, sendo constituído principalmente por uma floresta tropical. Rica em biodiversidade, a Amazônia passa pelos territórios do Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e parte do território do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins.

Para a diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade, Ana Toni, são muitas as problemáticas quando o assunto é Amazônia, mas também é necessário pensar primeiramente em propor medidas para que o enfrentamento das mudanças climáticas não agravem as desigualdades. Inclusive, pensando em ações que possam unir a criação de emprego e o debate sobre sustentabilidade.

“Explorar em que medida o enfrentamento das mudanças climáticas pode ser um instrumento que vai ajudar no combate das desigualdades. Por exemplo, os empregos verdes, que são normalmente mais qualificados. É muito importante que a gente pense em como vai gerar empregos e dar mais oportunidades.” 

O papel do Investimento Social Privado (ISP) para manter a Amazônia viva

Diante de tantas dificuldades, a diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade aposta no Investimento Social Privado (ISP) como uma das formas de combater o desmatamento e a mudança climática. 

“É fundamental ter projetos e investimentos sociais privados voltados à mudança do clima e meio ambiente. No momento político em que estamos, a maioria dos projetos da sociedade civil, em geral, estão muito na resistência ao combate dos negacionistas, ao combate do enfraquecimento de legislação e a gente precisa de projetos para implementação e combate às mudanças climáticas.”

No entanto, a gestora sinaliza a necessidade de se pensar em ações em vários setores, como a implementação da perspectiva de clima em projetos de educação já existentes. “Os projetos de investimento social privado precisam ter a perspectiva de clima sempre, não importa qual o tema. Pode ser educação, saúde, projetos na comunidade. Vejo muito pouco dessa interdisciplinaridade.”

Ana Toni acredita que além do Brasil seguir a sua legislação, também é necessário que a filantropia consiga expandir projetos na região amazônica, inclusive entre jovens da zona urbana, para que assim haja uma preservação da floresta pensando em como ela pode beneficiar a população local.


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