Para Jéssica Almeida, analista financeira da Fundação Grupo Volkswagen, essa precisa ser uma prioridade no debate sobre filantropia negra. “É um tema muito importante que limita muitas organizações que têm um potencial gigantesco. Tem valor sendo investido, porém não está sendo distribuído.”
Valdecir Nascimento acredita que a transparência na comunicação é um importante fator para enfrentar a problemática da falta de confiança dos investidores.
“Imprimimos uma ousadia na organização, porque não estávamos disponíveis a conviver com pessoas que desconfiavam da gente. Porque fazer filantropia para a comunidade negra, principalmente para mulheres negras, é complexo. Provocamos os meninos e meninas negras para fazer a transformação. Consequentemente, instigamos a filantropia para fazer a transformação.”
Para que essa transformação seja possível, existe outra prática que o ISP precisa superar, argumenta a fundadora do Odara: a centralização de recursos.
“Não queremos ganhar recursos sozinhas. Provocamos a filantropia todos os dias que o Nordeste sabe o que fazer e precisa de recursos para fazer. Por isso construímos a Rede de Mulheres Negras do Nordeste, com mais de 40 organizações.”
Diante desse quadro, Manuela Thamani afirma que um novo começo só é possível se falarmos de reparação. “A reparação nessa seara não se limita a uma discussão de compensação financeira, mas de um processo amplo e integrado de reconhecimento das injustiças cometidas, de valorização da cultura e de saberes negros e de povos originários e de construção de um futuro mais justo.”