GIFE lança plataforma para auxiliar investimento social privado na promoção da equidade racial

Por: GIFE| Notícias Institucionais| 03/07/2023

Lançamento da plataforma "Equidade racial nos institutos, fundações e empresas no contexto do investimento social privado. Crédito: GIFE

O GIFE lançou na última terça-feira (27), a plataforma “Equidade racial nos institutos, fundações e empresas no contexto do investimento social privado“. O Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) é parceiro executor do projeto.

O evento foi marcado por um painel intitulado “Promovendo a equidade racial no investimento social privado: repensando a branquitude no setor”, com a presença de Cida Bento, Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco e conselheiro do GIFE,  Theo van der Loo, empreendedor, conselheiro e ex-CEO da Bayer, com a mediação da jornalista Carolina Marcelino.

Durante o debate, Theo van der Loo chamou atenção para o papel do homem branco na luta por equidade racial.“É o homem branco quem tem poder para gerar essa mudança. Eu sou convicto de que enquanto o homem branco não se conscientizar da importância que tem na jornada da equidade racial, o avanço vai continuar lento.”

Cida Bento apontou a importância da inclusão das populações negras para pensar soluções. “É muito difícil uma organização monoliticamente branca e masculina pensar e desenvolver programas que façam sentido para as mulheres, negros, quilombolas, indígenas.

Já Ricardo Henriques defendeu que a plataforma é um importante mediador para sair do campo das “intenções” e chegar na prática. “A plataforma eu vejo como uma oportunidade de uma coisa que não é tão comum: ter espaços estruturados para lidar além do compromisso inicial de adesão ao enfrentamento do racismo, que permitam mediar a distância entre a intenção e a ação possível.”

Setor vive momento estratégico 

A proposta da plataforma é servir de subsídio para as organizações que têm a intenção de promover a equidade racial. Ou seja, deve estimular a conscientização, fomentando práticas antirracistas para a inclusão das pessoas negras em todas as áreas. 

No lançamento, o diretor executivo do CEERT, Daniel Teixeira, destacou que vivemos um momento de amadurecimento da discussão sobre a equidade racial no setor privado e nas instituições.

“Num país que começou suas desigualdades sociais sistemicamente pelo racismo, pelo menos a partir da invasão portuguesa, a gente precisa ter também um olhar sistemático para soluções que levem à uma sociedade mais equânime.”  Para Daniel, a importância da plataforma se dá principalmente pelo momento estratégico do debate sobre diversidade vivido pelo setor. “É necessário que a gente tenha fundamentos para atuação nesse tema, não é mais possível improvisar.”  

Desigualdade em números 

A população negra brasileira é atravessada por um histórico de desigualdades estruturais, o que criou obstáculos sistemáticos ao seu pleno acesso e participação nessas áreas.

Alguns dados ilustram essa realidade. Números do IBGE apontam que brancos estão entre os 70% mais ricos do país, enquanto os negros são 75% entre os mais pobres. De acordo com o Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), o salário médio de pessoas com ensino superior completo em universidades públicas em 2019 era de R$ 7.891,78 para homens brancos e de R$ 3.047,01 para mulheres negras, ou seja, mais de 159% de diferença entre esses dois grupos. Segundo o Instituto Ethos, apenas 5% dos cargos executivos em empresas são ocupados por pessoas negras, sendo de 0,4% a representação de mulheres negras em cargos executivos nas 500 maiores empresas do Brasil. 

A Plataforma 

A Coordenadora de Fomento e Inovação do GIFE, Thaís Nascimento, explica que o projeto começou a ser desenhado a partir do entendimento do GIFE de que para garantir a democracia plena no país, é preciso enfrentar as desigualdades e promover equidade racial. Percepção que também passou a ser identificada entre os associados do Grupo. “Nem todos tratavam da equidade racial. Então o GIFE começou a promover iniciativas para discutir o tema. No Congresso de 2018 entendemos que precisávamos aprofundar a abordagem, e criamos a Rede Temática de Equidade Racial.” 

Através dos encontros da Rede foi possível identificar que o campo carecia não apenas de letramento, mas também de ferramentas. “Por isso criamos a plataforma. As organizações vão ter a oportunidade de acessar material de qualidade e ter um guia norteador para implementar políticas de promoção da equidade racial.” 

A plataforma é exclusiva para associados. Uma vez lançada, o objetivo é realizar uma mentoria com as organizações e avaliar o impacto da plataforma nas atividades cotidianas. “Depois disso vamos coletar uma nova pesquisa para entender os avanços”, finaliza Thaís Nascimento.


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