Investimento social privado é caminho para que empresas façam a diferença e fortaleçam seu próprio negócio

Por: GIFE| Notícias| 02/10/2023

Institutos, fundações e fundos filantrópicos empresariais ampliaram sua predominância entre os investidores sociais, de acordo com o Censo GIFE 2020. Seguindo a distribuição padrão de perfis do setor filantrópico brasileiro, esses grupos são o tipo de investidor com maior participação entre os associados do GIFE, com 54% das organizações classificadas como tal.

No Brasil, a assistência social passou a ser caracterizada como política pública a partir da Constituição Federal de 1988, que dispôs sobre a isenção da contribuição previdenciária às entidades beneficentes de assistência social, além de vedar a instituição de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços das instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos.

“Até a década de 70 as empresas não estavam focadas em investimento social, mas em operações comerciais. A parte social era ligada à caridade e relacionada à igreja. Com o advento da democratização começa a preocupação com questões sociais”, lembra Maria Izabel Toro, gerente executiva de investimento social da Raia Drogasil. Ela destaca ainda marcos importantes como a criação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, em 1995; do Instituto Ethos, em 1998; e do Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, em 2005.

A pandemia de Covid-19 é considerada um dos marcos de destaque da importância do investimento social nas empresas.

A primeira iniciativa do iFood, por exemplo, aconteceu em 2020, ao incluir a funcionalidade de doação dentro do aplicativo. “Nosso objetivo foi utilizar a nossa tecnologia e fluxo de clientes dentro da plataforma para conectar doadores a organizações sociais. De lá para cá já foram mais de 25 milhões arrecadados”, aponta Luanna Luna, head de educação no iFood. 

Ela aponta que a empresa tem como meta impactar 10 milhões de pessoas com capacitações para o futuro do trabalho e formar e empregar 25 mil pessoas de baixa renda e perfis sub-representados em tecnologia.

Mas, Maria Izabel ressalta que o cenário ainda conta com desafios importantes. “Acredito que o principal são as gigantescas desigualdades sociais do Brasil e como alinhar as estratégias da empresa com políticas públicas para dar escala e ter impacto social relevante.”

“O crescimento das empresas precisa entregar retorno positivo para o país”

Um dos principais motores de aproximação das empresas brasileiras ao investimento social privado na última década, são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015.

Os ODS foram acordados pelos Estados-membros da entidade, mas para alcançá-los é necessário o engajamento de setores como o empresarial, onde os ODS também representam oportunidades, ajudando na conexão de estratégias comerciais com prioridades globais.

Para Maria Izabel, a prática é muito mais comum e vem crescendo. “As empresas reconhecem que contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade também agrega valor à sua marca e fortalece a relação com os investidores e acionistas, que estão cada vez mais atentos às práticas sociais e à agenda ESG. Embora a motivação principal deva sempre ser promoção do desenvolvimento da sociedade.”

Luanna Luna acredita que, antes de pensar em lucros, é papel de todos contribuir para um Brasil mais próspero. “O crescimento das empresas precisa entregar retorno positivo para o país. O lucro para o acionista precisa ser um resultado, não um objetivo. O Brasil hoje se configura como o sétimo país mais desigual do mundo, as empresas e organizações sociais também têm seu papel em transformar essa realidade.”

Entre os impactos dessa atuação, a Luanna observa a valorização da companhia frente aos investidores, atração e retenção de colaboradores, redução das desigualdades, inclusão de mais pessoas no mercado produtivo refletindo em aumento do PIB, e maior desenvolvimento econômico.


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