Mapeamento revela que 87% das organizações independentes recebem apoio da filantropia internacional

Por: GIFE| Notícias| 31/10/2022

Com o intuito de conhecer e caracterizar organizações independentes que atuam na doação de recursos financeiros para organizações, grupos e movimentos da sociedade civil nas áreas de justiça social e desenvolvimento comunitário no país, a Rede Comuá e a ponteAponte realizaram um mapeamento com 31 organizações, localizadas em 11 estados. Ainda que as fontes de recursos nacionais sejam necessárias e importantes, 87% das organizações recebem apoio da filantropia internacional.

As organizações mapeadas contribuem para agendas em equidade racial, populações indígenas e tradicionais, meio ambiente, gênero, sexualidade, entre outras que atendam as necessidades de populações que têm seus direitos negados no Brasil

Graciela Hopstein, coordenadora executiva da Rede Comuá, explica que a filantropia independente no país é bastante diversa em vários sentidos: locais, focos de atuação e orçamentos. Mas, aponta, há convergências na forma de atuação, como a importância de apoiar a sociedade civil, movimentos sociais e a valorização do desenvolvimento institucional.

A coordenadora executiva traduz a filantropia independente como aquela que “consegue chegar nas bases, chegar com uma grande capilaridade aos movimentos territoriais.” No entanto, aponta que a pesquisa mostra desafios, como a dependência de fundos internacionais.

“Infelizmente, a filantropia independente no Brasil ainda é muito dependente da filantropia internacional, porque não contamos com uma filantropia local doadora. As parcerias mais importantes são fundações e organizações internacionais.”

O mapeamento revela ainda que 52% das organizações possuem orçamento entre R$ 2 milhões e R$ 25 milhões, sendo que o orçamento de 32% delas é inferior a R$ 1 milhão. No entanto, 68% das organizações declaram que os financiadores não possuem influência sobre o uso dos recursos, os processos de tomada de decisão e a governança, o que mostra uma flexibilidade e confiança no uso dos recursos.

Grantmaking é um dos caminhos para fortalecimento da filantropia independente

De acordo com o mapeamento, a doação de recursos financeiros de forma estruturada para que organizações e iniciativas da sociedade civil possam gerir, o chamado grantmaking, é um dos caminhos para auxiliar no fortalecimento da luta pelo reconhecimento e acesso à direitos. A prática permite que estes grupos, coletivos e movimentos atuem junto às minorias políticas.

“O ecossistema da filantropia cabe tudo. A filantropia independente cumpre uma função e a filantropia corporativa cumpre outra. O reconhecimento dessa filantropia independente pode ser interessante para as outras”, lembra Graciela Graciela Hopstein apostando ainda na união e diversidade para promoção da filantropia no Brasil.


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