O que o investimento social privado está fazendo para ajudar no combate ao novo coronavírus

Por: GIFE| Notícias| 23/03/2020

Nas últimas semanas, o mundo tem acompanhado a evolução do cenário imposto pela rápida disseminação do novo coronavírus COVID-19. A situação foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como pandemia no dia 11 de março, quando a doença já estava presente em 114 países.

No Brasil, a situação se agravou nos últimos dias. O último balanço oficial do Ministério da Saúde aponta mais de 1,5 mil pessoas infectadas e 25 mortes no país, 22 delas no estado de São Paulo.

Além das medidas de prevenção, frente às previsões de impacto da epidemia no sistema público de saúde e também na economia do país, tem crescido entre diversos setores da sociedade o número de iniciativas para fortalecer a capacidade da saúde e do próprio governo. Um desses setores é o do investimento social privado (ISP).

Para Rodrigo Pipponzi, vice-presidente do Instituto ACP e fundador da Editora MOL, os institutos, fundações e empresas têm um papel fundamental no combate à epidemia. “Essa crise tem mostrado o quanto, não só o Brasil, mas o mundo todo está despreparado, do ponto de vista dos investimentos em saúde pública, para enfrentar uma epidemia dessa proporção.”

Segundo o investidor, a dificuldade maior, no entanto, não está na mobilização dos recursos do ISP, que tem mostrado muita disponibilidade em contribuir, haja vista o grande número de instituições realizando iniciativas nesse sentido.

A Editora MOL, por exemplo, está trabalhando na estruturação de ferramentas e soluções para arrecadação junto ao varejo de algumas das redes que fazem parte de seu escopo de projetos, como Droga Raia, Drogasil e Petz.

A organização também é uma das apoiadoras de uma iniciativa lançada pela Phomenta para apoiar organizações da sociedade civil (OSCs). Trata-se de um portal gratuito de compartilhamento de informação sobre os impactos do vírus no terceiro setor. O objetivo é levar boas práticas, análises, notícias e conhecimento para que as organizações de todo Brasil tenham mais ferramentas para trabalhar frente ao atual cenário.

“Além disso, também estamos atuando na publicação e liberação de conteúdos, como e-books e outros produtos, a fim de contribuir com a saúde mental das pessoas nesse contexto de isolamento”, conta Rodrigo.

Além de ações como essas e outras por parte de diversas instituições, há ainda um sem número de campanhas voltadas à arrecadação de recursos financeiros por meio de plataformas de crowdfunding.

Uma dessas plataformas, a Benfeitoria acaba de colocar no ar um canal especial para sistematizar e facilitar o atendimento e financiamento coletivo de projetos de combate à COVID-19. Os projetos do canal receberão consultoria customizada para criar sua campanha, apoio na ativação de rede – e, eventualmente, matchfunding (quando um parceiro dobra/triplica a arrecadação). Tudo isso, com comissão livre (definida por quem arrecada).

Ferramentas e ações coletivas

“Tem muita instituição querendo ajudar, mas não sabe como e nem a quem apoiar”, observa Rodrigo.

Na hora de destinar recursos a organizações e institutos de pesquisa ligados à área da saúde, o investidor pondera desafios relacionados à transparência e barreiras jurídicas.

A ferramenta, no entanto, tem sido o percurso optado por diversas redes e coletivos como solução para catalisar e otimizar as diversas iniciativas pulverizadas pelo setor. É o caso do Fundo Emergencial para a Saúde – Coronavírus Brasil.

Liderado pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), Movimento Bem Maior e Bsocial, com o apoio de outras lideranças do movimento pela cultura de doação, a ação tem como objetivo reunir doações de qualquer quantia que serão encaminhadas para algumas instituições consideradas estratégicas no sistema de saúde do país: Fiocruz, Hospital das Clínicas de São Paulo, Santa Casa de São Paulo e Comunitas (organização que está adquirindo respiradores a serem entregues aos hospitais do Sistema Único de Saúde – SUS). O GIFE é um dos parceiros institucionais da iniciativa.

As doações serão revertidas em: respiradores, testes para diagnóstico de infecção por Coronavírus, equipamentos para UTI (cardioversores, aspiradores de secreção, monitores, etc.), equipamentos hospitalares (cadeiras de rodas, camas, macas, etc.), materiais para médicos e enfermeiros (aventais, máscaras, toucas, luvas, etc.) e medicamentos. Outras instituições podem ser agregadas à lista de beneficiárias posteriormente. Para doar, basta acessar este link. Outras informações podem ser encontradas no site do IDIS.

Em nota sobre a iniciativa em seu site, o IDIS afirma que “o combate ao Coronavírus extrapola ações governamentais e superar a pandemia depende de um compromisso de toda sociedade, exigindo articulação entre os setores público, privado e organizações da sociedade civil”.

Por meio de nota pública, o grupo instituidor do Fundo faz um chamamento especial à comunidade de filantropos e empresas a também doarem para fortalecer o sistema público de saúde no combate ao Coronavírus.

Coordenação de esforços

Outra organização que tem mobilizado associados e parceiros na direção de uma ação coordenada é o GIFE, convocando e reunindo instituições de sua rede para desenhar uma estratégia de articulação e otimização de esforços de investimento. 

A ação, ainda em fase de estruturação, tem sido orientada por duas frentes: 1) Criação de um espaço de trocas e compartilhamentos sobre estratégias e práticas de cada organização frente ao atual momento; e 2) Criação de um espaço de coordenação de investimentos entre as organizações que estão realizando algum tipo de ação finalística em resposta ao contexto.

“Nesse momento, a prioridade é a soma de esforços para o combate da epidemia. Nesse sentido, em um primeiro momento, o GIFE, assim como tantas outras instituições, está tomando medidas como home office e formatos alternativos que permitam dar continuidade ao trabalho de forma adaptada a esse novo contexto. Em uma segunda frente, entendendo nosso papel enquanto articuladores e fomentadores do campo, estamos criando esse espaço para contribuir para tornar essas múltiplas ações que já estão sendo realizadas pelo campo o mais colaborativa e otimizada possível”, explica Erika Sanchez Saez, coordenadora da iniciativa Emergência Covid-19, do GIFE.

Panorama de iniciativas

Nos próximos dias, o GIFE irá lançar uma plataforma online para agregar iniciativas desenvolvidas no âmbito do investimento social e da filantropia no Brasil e no mundo, além de notícias e eventos virtuais relacionados ao tema. O objetivo é que seja um espaço de inspiração e de conexão entre os atores do campo.

O link será divulgado nas redes sociais do GIFE: Facebook, Twitter e LinkedIn


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