Rede de Investidores Sociais do Interior Paulista promove atividade sobre negócios de impacto dentro do maior evento de empreendedorismo e inovação da região

Por: GIFE| Notícias| 29/10/2018

Na última semana, Campinas foi palco do maior evento de empreendedorismo e inovação do interior paulista. A cidade sediou a 5ª edição do InovaCampinas, que reuniu empresas, startups, instituições de pesquisa, universidades, incubadoras, aceleradoras e parques científicos e tecnológicos. Cerca de dez mil pessoas passaram pelos dois dias de programação que ofereceu conferências, rodadas de negócios e exposição com a finalidade de apresentar as novas tendências ao ecossistema inovador da região.

Entre mais de 350 rodadas de negócios, 20 conferências e a exposição de cerca de 90 empresas, o evento trouxe em sua programação uma iniciativa inédita: o Fórum InovaSocioAmbiental – Decodificando Negócios de Impacto. A atividade aconteceu no dia 25/10 e pautou conceitos do ecossistema de Negócios Socioambientais e Investimentos de Impacto.

A 1ª edição do evento é uma realização da Rede de Investidores Sociais (RIS) do Interior Paulista – rede regional articulada por associados ao GIFE – em parceria com a Phomenta e teve o apoio de outros associados e coordenadores da RIS tais como Fundação Educar DPaschoal e Fundação FEAC.

A programação foi pensada para educar empreendedores sociais do interior de São Paulo e fomentar a discussão sobre aceleração social, negócios sociais e 2.5, empreendedorismo social, inovação social e mecanismos de investimento social. Questionamentos como ‘o que é e como ser um empreendedor e investidor social?’ e ‘o que são negócios sociais e investimentos de impacto?’ nortearam os diálogos fomentados por especialistas e palestrantes referência na área, que expuseram ao público práticas inovadoras, cases de sucesso e exemplos reais de negócios com retorno financeiro e impacto socioambiental positivo.

Camila Figueiredo, gestora da Fundação Educar DPaschoal e uma das coordenadoras da RIS do Interior Paulista, afirma que a realização do evento foi uma oportunidade de divulgar o tema para um público diferente daquele que o setor do investimento social costuma acessar. “A ideia de vir para cá era ter um público que nunca ouviu falar do tema. E para o próprio InovaCampinas também foi oportuno porque eles conseguiram integrar na agenda do evento as dimensões social e ambiental que ainda ficam muito apartadas dos negócios.”

Para a gestora, essas três dimensões – econômica, social e ambiental – formam o tripé da sustentabilidade. “Trazer as dimensões social e ambiental para todos os empreendimentos e organizações, sejam elas sociais, empresariais ou públicas, é uma tendência que veio para ficar”, defende.

Leandro Pinheiro, superintendente socioeducativo da Fundação FEAC, concorda. “Negócios sociais e investimentos de impacto estão hoje no centro das discussões do terceiro setor e do seu papel como incentivador de desenvolvimento social. Os conceitos debatidos no evento serão cada vez mais fundamentais para que as organizações da sociedade civil aprimorem seus modelos de atuação e estratégias de sustentabilidade. Mas, o InovaSocioAmbiental foi pensado para dialogar com todos, inclusive com quem está mais distante da agenda do desenvolvimento social.”

A atividade integra uma agenda de dez eventos que está percorrendo o Brasil fomentada por uma chamada do Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto 2018, destinada a apoiar e impulsionar eventos com agendas correlacionadas ao tema ao longo do segundo semestre de 2018. O Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto é uma iniciativa do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Impact Hub e Vox Capital.

Panorama do setor

O setor de negócios de impacto socioambiental vem crescendo e ganhando relevância e visibilidade nos últimos anos e tem atraído cada vez mais a atenção do campo do Investimento Social Privado (ISP).

Existem mais de 800 negócios de impacto social no Brasil. Desses empreendimentos, 70% já estão formalizados e 79% já captam investimentos. Pouco mais de um terço ainda não teve faturamento no último ano, enquanto 5% já faturaram mais de R$ 1 milhão no mesmo período.

O setor tem movimentado cerca de 60 bilhões de dólares em nível global e foi registrado um aumento de 7% ao ano, segundo a Ande Brasil (Aspen Network of Development Entrepreneurs), uma rede de empreendedores de países em desenvolvimento.

O Brasil é um dos primeiros países a implementar uma legislação sobre o tema. A Secretaria de Inovação e Novos Negócios do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços coordena a Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (Enimpacto), em articulação com outros órgãos do governo, do setor privado, da comunidade científica e acadêmica e da sociedade civil.

Para Lorhan Caproni, cofundador da Phomenta, a relação entre lucro e impacto ainda é pouco clara para as pessoas. “A visão ainda é a de que para empreender no campo social é preciso fazer um voto de pobreza. Nesse sentido, nosso objetivo é mostrar que há negócios que estão endereçando soluções reais da sociedade e são lucrativos e atrativos. Hoje, existe uma economia que gera 60 bilhões de dólares no mundo só com negócios de impacto socioambiental e eles estão só engatinhando. Tem uma oportunidade gigantesca de crescimento”, ressalta.

Para o empreendedor, as dimensões social e ambiental estão se tornando um diferencial competitivo no mercado, inclusive para a atração de talentos. “Já é possível observar uma nova geração de consumidores que vem pensando em impacto socioambiental quando vai comprar um produto ou um serviço e também uma nova geração que chega ao mercado de trabalho exigindo que seu empregador tenha propósito. Então, as empresas começaram a perceber que isso é uma oportunidade e chegam aqui no evento para fazer networking e conhecer essas iniciativas para saber como elas podem se plugar com esse ecossistema.”

A Rede de Investidores Sociais do Interior Paulista

As Redes de Investidores Sociais são espaços fomentados pelo GIFE e organizados por seus associados com a finalidade de fortalecer cada vez mais o campo do investimento social privado no âmbito regional. A articulação propicia a organizações de determinada localidade trocar experiências, buscar soluções conjuntas para desafios regionais e refletir sobre temáticas transversais do setor por meio de encontros, eventos, seminários, entre outros formatos.

Criada em agosto de 2017 com o objetivo de qualificar e fortalecer a atuação socioambiental de empresas, fundações, institutos e organizações do interior paulista, a RIS possui uma agenda de encontros bimestrais e já percorreu os seguintes temas: Indicadores e Índice Paulista de Responsabilidade Social, Avaliação e Monitoramento, Governança e Transparência e Voluntariado.


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