Tecnologia social aliada ao extrativismo rende bons frutos aos moradores da Floresta Nacional do Tapajós
Por: Fundação Banco do Brasil| Notícias| 24/06/2019Cooperados receberam capacitação em processamento de frutas, boas práticas de fabricação e comercialização dos produtos
O extrativismo tradicional já não é a única fonte de renda das famílias que vivem na Floresta Nacional do Tapajós, situada à margem direita do rio Tapajós, no estado do Pará, também conhecida como a Flona Tapajós. A região abriga 24 comunidades e aproximadamente mil famílias.
É neste lugar que fica a comunidade São Domingos, no município de Belterra (PA), onde predomina o cultivo de árvores frutíferas para a fabricação de polpas de frutas, resultante do extrativismo e do plantio em sistemas agroflorestais. Mas a dificuldade de escoamento da produção, de transporte adequado para levar os produtos para serem comercializados são alguns fatores que têm gerado prejuízo para os agricultores familiares.
Diante desse cenário, a Cooperativa Mista da Flona Tapajós (Coomflona), apresentou à Fundação Banco do Brasil um projeto de ampliação e montagem de uma agroindústria de polpa de frutas , com objetivo de incentivar os Sistemas Agroflorestais (Safs) como uma alternativa de renda, a partir de uma atividade sustentável, absorver a produção das famílias, garantir o fornecimento aos programas sociais do governo federal. O projeto visa, ainda, fazer o resgate das atividades extrativistas e culturais, integrando o manejo tradicional com novas práticas, para desenvolver uma extração adequada dos frutos, aliada à conservação dos recursos florestais. O Sistema Safs consiste em plantar, de forma integrada, uma diversidade de plantas de porte rasteiro, baixo, médio, intermediário e alto com ciclos de vida diversos intercalados de forma que se possa aproveitar o espaço de plantio tanto na vertical quanto na horizontal em uma escala de tempo previamente planejada.
O projeto foi contemplado no edital de seleção pública Ecoforte Extrativismo, da Fundação BB e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o valor de R$ 581,5 mil. Com o investimento social, a cooperativa adquiriu um caminhão baú refrigerado para a coleta de frutos e transporte de polpas congeladas, uma despolpadeira, uma embaladora, uma seladora, embalagens padronizadas, dez freezers e um gerador de energia elétrica automatizado. Os extrativistas receberam capacitação em processamento de frutas, boas práticas de fabricação e comercialização dos produtos.
No novo empreendimento serão produzidas polpas de frutas da coleta vegetal de frutos como taperebá, cupuaçu nativo e açaí, e outros frutos resultantes da plantação em sistema agroflorestal, como cupuaçu, caju, acerola, abacaxi, goiaba, manga e graviola.
De acordo com Arimar Feitosa Rodrigues, coordenador da Coomflona, a previsão é que a agroindústria seja inaugurada até no próximo semestre e, com isso, passe a produzir entre 30 e 40 toneladas de polpas de frutas por mês. Ele explica que tudo já está pronto, faltando apenas a liberação do selo de inspeção sanitário, que vai permitir que o produto seja inserido no mercado. “Nosso sonho é produzir polpa para comercializar e melhorar a renda das famílias sem perder de vista a agricultura familiar, o extrativismo, a agroecologia, o cuidado com o meio ambiente, que já é uma prática rotineira por aqui, porque vivemos dentro de uma unidade de conservação, onde existem regras de exploração dos recursos naturais”, declarou.
Em 2017, a Coomflona também foi contemplada com investimento social do edital Ecoforte no valor R$ 447 mil, para estruturar uma fábrica de móveis. A unidade trabalha com o reaproveitamento da madeira extraída na Unidade de Conservação da Floresta Nacional do Tapajós, visando reduzir o desmatamento, manter a sociobiodiversidade e gerar renda para as populações tradicionais.
Sobre o Ecoforte Extrativismo
O edital Ecoforte Extrativismo foi destinado para o apoio a empreendimentos coletivos nas fases de produção, beneficiamento ou comercialização de produtos extraídos por meio de práticas sustentáveis na floresta. O recurso de R$ 12,3 milhões, por meio da Fundação BB e do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).