Brasileiros colocam o país entre os 20 mais solidários do mundo
Por: GIFE| Notícias| 03/10/2022O Brasil está entre os 20 países mais solidários do mundo. Há 4 anos o país tem aparecido em posições melhores no levantamento do World Giving Index. Em 2021/2022 o ranking geral de solidariedade mostra um salto da posição 54º para a 18°. O crescimento aconteceu em todas as categorias avaliadas, mas na “ajuda a um desconhecido” o brasileiro subiu da posição 36° para o 11° lugar.
O Ranking Global de Solidariedade é uma iniciativa da organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. Durante a pesquisa os entrevistados respondem às seguintes perguntas: “você ajudou um estranho, doou dinheiro a uma organização social ou fez algum tipo de trabalho voluntário no mês passado?”. Nesta edição de 2021 foram incluídos os dados de 114 países, representando mais de 90% da população adulta global.
Pelo quinto ano seguido, a Indonésia é o país mais solidário do mundo, seguido pelo Quênia na segunda posição. O ranking traz também países de alta renda como os Estados Unidos em terceiro lugar, Austrália em quarto, Nova Zelândia em quinto. Mas também aponta em boa posição o Mianmar, em sexto, e Serra Leoa na posição sete, à frente do Canadá em oitavo.
Para Paula Fabiani, CEO do IDIS, a notícia do crescimento do Brasil no ranking é positiva, mas também a posição de outros países da América Latina, como a Argentina na posição geral 21º, Venezuela 36º, México em 37º e Bolívia na 45ª posição.
Em 2017 o Brasil estava na posição 75º, caindo para 122º em 2018. Mas, desde 2019 figurou na posição 74º, em 2021 chegou a posição 54 e agora chega na posição 18 em 2022. Paula Fabiani também acredita que o Brasil poderia avançar ainda mais em categorias como voluntariado, mas avalia como positiva o crescimento de pessoas doando valores mais altos, o que mostra uma mudança na cultura de doações no país.
A coordenadora de conhecimento na GIFE, Patrícia Kunrath, acredita que é importante avaliar as filantropias no Brasil, como a que se expressa por meio da doação individual de pessoa física; a filantropia familiar; a corporativa; a de justiça social; dentre outras. Essa diversidade é muito positiva, sinaliza Patrícia, pois fortalece (re)construção de uma sociedade mais democrática, diversa e plural.
O que faz do brasileiro um dos mais solidários do mundo?
Patrícia Kunrath acredita que o resultado de um país mais solidário passa por um emaranhado de fatores. “As tecnologias da informação, a meu ver, vêm tendo um impacto muito relevante na disseminação de determinadas pautas sociais, tais como a justiça de gênero, os direitos das mulheres, a equidade racial, entre outras.”
A coordenadora também observa que questões como o “consumo dito consciente e as formas de exercer cidadania, ganha força entre parcelas da população e, por sua vez, pressiona empresas a se adequarem a práticas e padrões transnacionais”. Assim, como existe a preocupação da falta de investimento do Estado, provocando ações por parte de setores diversos para lidar com desigualdades estruturais.
Paula Fabiani lembra que, apesar da pesquisa World Giving Index trazer dados de pessoas físicas, pelo cenário é possível ver avanços na mudança da cultura também no investimento social privado, como foi visto durante a pandemia de Covid-19.
“A gente percebe que as empresas estão vendo esse valor de se engajar em causas, porque isso traz um benefício para sua imagem reputacional, engajamento dos consumidores e dos próprios colaboradores internos. E ficou muito claro que as empresas têm que participar para a solução dos problemas.”