Pesquisa revela que mais da metade da população tem avaliação positiva de organizações da sociedade civil

Por: GIFE| Notícias| 13/06/2022

O GIFE, em parceria e com o apoio do Instituto ACP, Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Instituto Natura, Fundação Telefônica Vivo e Fundação Tide Setubal — apresentam, nesta segunda-feira (13), os resultados da pesquisa inédita “Percepção de brasileiros/as sobre a sociedade civil”

A pesquisa mostra que, mesmo desconhecendo especificidades do setor, a população tem uma avaliação positiva das organizações da sociedade civil. O levantamento aponta que mais da metade dos entrevistados veem positivamente a atuação dessas instituições: 21% atribuem tal visão por conhecerem bem o trabalho feito pelas entidades, 19% por verem depoimentos de pessoas que foram apoiadas por elas e 16% por confiarem na integridade de quem faz parte de uma organização da sociedade civil.

Um total de 2.002 entrevistas foram realizadas durante a pesquisa, com pessoas de 16 anos ou mais. Cerca de dois terços mostraram algum nível de interesse em ações no campo social/terceiro setor; seja atuando diretamente, seja se informando e conversando sobre assuntos relacionados ao tema.

“A pesquisa confirma que há um amplo reconhecimento do valor agregado pelas organizações da sociedade civil. Isso facilita o desenvolvimento desse setor tão importante para a democracia brasileira”, destaca Cassio França, secretário-geral do GIFE. 

A pesquisa

Realizada em duas etapas pelo IPEC [Inteligência em Pesquisa e Consultoria] e coordenada pela consultoria Conhecimento Social, a pesquisa analisou com que frequência [“sempre / às vezes / nunca”] o entrevistado participa de organizações sociais, realiza ações de voluntariado, procura se manter informado sobre movimentos sociais e conversa com outras pessoas sobre projetos sociais que visam o bem coletivo. O estudo foi organizado em subgrupos sociodemográficos [sexo, idade, escolaridade, renda, raça/cor] e territoriais [região, porte e localização de município].

O levantamento também revelou que chega a 46% a proporção de entrevistados que consideram que organizações do terceiro setor assumem trabalhos que deveriam ser de responsabilidade do governo. Mostrou, ainda, que as fontes de recursos das organizações, a relação delas com o Estado, o foco das atividades e o formato de atuação não estão claros para a grande maioria da população. Por consequência, limitam o potencial de participação e o engajamento social. 

Na avaliação do GIFE, tais dados deixam claro que, considerando a relevância da atuação do setor no país, faz-se necessário um esforço coletivo de disseminação de informações sobre a atuação das organizações de forma mais coordenada e clara.

“Os resultados sinalizam o reconhecimento da prática do terceiro setor, mas também fica evidente que é necessário aperfeiçoar a forma como esse setor se comunica com a população. Relações ainda mais transparentes explicitando as fontes de recursos e as responsabilidades nas parcerias com o setor público são temas que devem permanecer na agenda do terceiro setor”, defende Cassio França.

Termo “ONG” é mais conhecido pela população brasileira: 65% “já ouviram falar” em Organização Não-Governamental

Outro importante achado da pesquisa é a constatação de baixa familiaridade dos entrevistados com os diferentes tipos de organizações da sociedade civil, suas especificidades e terminologias. “ONG” é o termo mais frequentemente reconhecido. Outras terminologias — como Organizações da Sociedade Civil [nomenclatura oficial], Institutos e Fundações ou Instituições Filantrópicas — são menos conhecidas e, consequentemente, compreendidas com menor clareza.

No entendimento do GIFE, as várias nomenclaturas para referir-se às organizações da sociedade civil acabam sendo um outro potencial fator que dificulta a compreensão sobre quem são e o que fazem essas organizações.

De acordo com o levantamento, há uma forte associação do nível de escolaridade e da renda com o “interesse” para iniciativas no campo social. O público mais vulnerável [baixa escolaridade e renda familiar] — especialmente jovens e mulheres — mostra níveis de desconhecimento maiores sobre o assunto, ainda que na maioria dos casos sejam estes os principais públicos para os quais essas organizações trabalham.

O interesse pela temática é mais alto entre pessoas mais escolarizadas, com mais idade e maior nível de renda, como também entre residentes das regiões Sudeste e Sul”, explica a pesquisadora Ana Lúcia Lima, responsável pela análise dos dados da pesquisa. Entre as áreas apontadas como prioritárias para atuação do terceiro setor, ‘combate à fome’, ‘saúde’ e ‘educação’ se sobressaem

“ONGs” — O termo “ONG” é o mais conhecido pela população brasileira: 65% dos participantes da pesquisa “já ouviram falar” em Organização Não-Governamental. Quando perguntados sobre disponibilidade para apoiar ações de diferentes tipos de organização [“De modo geral, pensando em uma escala de 0 a 10, sendo que 0 significa ‘nada’ e 10 significa ‘muito’, o quanto você apoiaria ações?”], a maioria (50%) dos entrevistados respondeu que daria apoio a ONGs. A minoria (3%) apoiaria partidos políticos.


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