Rede Temática de Saúde dá continuidade a discussões em segundo encontro

Por: GIFE| Notícias| 10/09/2018

A Associação Samaritano, localizada em São Paulo, sediou a segunda reunião da Rede Temática (RT) de Saúde, realizada no dia 05/09. Com mais de dez organizações participantes, entre elas as coordenadoras da RT – Raia Drogasil e a anfitriã Associação Samaritano -, o evento teve como objetivo retomar temas discutidos no último encontro e dar espaço para que mais duas organizações apresentassem sua atuação.

Erika Sanchez Saez, gerente de programas do GIFE, ressaltou que foram as organizações coordenadoras da RT, recém-associadas ao GIFE, que propuseram a retomada dos encontros, paralisados há dois anos. A primeira reunião após esse intervalo aconteceu em junho (saiba mais aqui).

O encontro da quarta-feira retomou alguns pontos discutidos anteriormente, como a vontade comum de fazer um mapeamento da área da saúde a partir dos projetos e organizações diversas. Por meio de uma dinâmica cuja finalidade era evidenciar as expectativas dos participantes em relação à Rede, foram elencadas as prioridades do grupo para o próximo período: mapeamento da atuação e das demandas, busca de soluções e levantamento e estudo de subtemas.

Atuação e trajetória das organizações

Depois da abertura, Roberta Marques, diretora executiva do Instituto Desiderata, deu início à apresentações institucionais. A missão do Instituto é promover soluções que garantam prevenção, diagnóstico e cuidado a crianças e adolescentes com câncer. A diretora ressaltou o desafio da desigualdade no acesso que faz com que a doença seja hoje a que mais contribui para aumentar as taxas de mortalidade desse público no Brasil.

Roberta explicou que, depois de uma mudança de foco, o Instituto optou por dedicar sua atuação exclusivamente à área da saúde e usar todos os conhecimentos adquiridos no trabalho com o câncer infantil para combater outras doenças. “A decisão de ampliar as ações em saúde para doenças crônicas não transmissíveis e fatores de risco é bem recente. Obesidade infantil, por exemplo, é uma possibilidade. Mas vamos continuar combatendo o câncer infantil, já que essa é a primeira causa de morte.”

A metodologia utilizada para alcançar os objetivos divide-se em quatro passos: investigação do problema de saúde pública, envolvimento do setor público na busca de soluções, apoio no processo de implementação da proposta e monitoramento das ações. Esse fluxo é aplicado em diversas iniciativas desenvolvidas pelo Instituto. Uma delas é o apoio ao Unidos Pela Cura, política de promoção do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil do Rio de Janeiro, que diminuiu o tempo de encaminhamento de pacientes de 60 dias para 72 horas. A melhoria de espaços de tratamento também é outro foco da ação, já que a ambientação contribui para alívio de dor, aumento da adesão ao tratamento e diminuição da ansiedade da família.

Roberta ressaltou que o advocacy é um eixo central da atuação. “Nós lideramos o Fórum de Oncologia Pediátrica que acontece bianualmente no Rio de Janeiro. É um local importante para influenciar em nível federal, estadual e municipal a agenda que, apesar de ser a primeira causa de morte, não é prioridade do governo. Nosso objetivo é realizar ações em grande escala que qualifiquem o serviço de saúde público para crianças e adolescentes no estado do Rio de Janeiro.”

Em seguida, Leide Takahashi, gerente de conservação de biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, apresentou o trabalho da Fundação traçando um paralelo entre melhoria da saúde e conservação da natureza.

Leide explicou que hoje, apesar da maior parte de seu orçamento ser destinada a apoiar projetos de terceiros, a Fundação também tem iniciativas próprias, todas elas com o viés da conservação. Com foco de atuação nas chamadas Unidades de Conservação (UC), que abrangem parques nacionais e grandes reservas, a Fundação desenvolve iniciativas com o objetivo de conscientizar diferentes setores do poder público sobre a importância da conservação ser considerada em decisões estratégicas.

Uma dessas ações é um congresso promovido a cada três anos. Leide dividiu com os participantes o ponto de vista da pesquisadora sueca Matilda Van den Bosch, que palestrou na última edição do evento, realizado em julho, em Florianópolis (SC), sobre a importância do contato com áreas verdes para a melhoria da saúde. “A pesquisadora  reuniu quase cinquenta artigos do mundo inteiro mostrando a interrelação que existe entre o quanto as pessoas que frequentam áreas naturais, quer sejam parques urbanos, pequenas praças ou parques nacionais, se sentem melhor do ponto de vista mental e físico, e como isso se traduz na produtividade e no relacionamento social. A Europa desenvolve estudos de longa data sobre como a interação na natureza é um fator que complementa e agiliza o processo de recuperação de doenças em diferentes instâncias”, defendeu.

Mapa da saúde

A segunda parte do evento destinou-se à apresentação de duas propostas para o desenvolvimento do mapa de organizações que atuam na área da saúde. O Instituto Cordial deu início às apresentações ressaltando a importância de conhecer os territórios de atuação dos atores a fim de promover uma atuação mais inteligente e articulada.

A proposta da empresa é mapear organizações de saúde a princípio em dois estados brasileiros a partir da qualificação e complementação de bases de dados existentes. O objetivo é desenvolver uma tecnologia social e uma plataforma unificada que permita agilizar e refinar os processos de tomada de decisão pelo setor do investimento social privado na saúde e ampliar o impacto social positivo.

O escopo de atividades será dividido em várias etapas como levantamento de informações já conhecidas pelas organizações que compõem a RT sobre outras organizações que atuam na saúde, diagnóstico de bases de dados sobre o tema, elaboração de estratégia de complementação de informações já existentes, consolidação da tecnologia social a partir do cruzamento e mapeamento das informações levantadas e desenvolvimento de uma plataforma que facilite o processo constante de tomada de decisão.

Em seguida, representantes do Movimento Arredondar compartilharam com os participantes a vontade de desenvolver um trabalho conjunto de desenho da plataforma. A ideia é que ela tenha três eixos prioritários. O primeiro o objetivo de servir para o credenciamento de organizações e comunicação. A ideia é, com uma linguagem didática, apresentar para qualquer pessoa que acessar a plataforma uma ‘fotografia’ clara do que é a organização, como ela trabalha e quais são seus números.

O segundo eixo seria a criação de uma central de impacto dessas organizações, apresentando o máximo de transparência sobre a gestão e aplicação dos recursos. Por fim, o terceiro eixo, relacionado com a missão do Arredondar de ampliar a cultura de doação no Brasil, propõe a transformação da plataforma em uma ferramenta de doação de forma simples, prática e rápida para que o usuário tenha a possibilidade de filtrar organizações de acordo com localidade, causa, orçamento e outras características.

Depois das rodadas de perguntas às propostas apresentadas, o grupo fez um balanço dos próximos passos para o desenvolvimento do mapa das organizações pensando como será financiado e mantido, onde será hospedado, entre outros pontos. Além disso, discutiram sobre a reativação e visão estratégica da Rede Temática.

No final do encontro, o grupo concordou sobre a necessidade de pensar em atuações de curto e longo prazo. Ainda sem data definida, o próximo encontro está previsto para outubro.


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