GIFE apresenta plano de ação para 2019 e perspectivas de atuação para os próximos anos

Por: GIFE| Notícias| 18/02/2019

 

Com a proposta de ser uma plataforma de fortalecimento do Investimento Social Privado (ISP) no Brasil, visando qualificar e ampliar a mobilização de recursos privados para o bem público, o GIFE constrói sua Matriz Estratégica para 2019-2021, com uma série de diretrizes para este triênio, e elenca as principais ações a serem realizadas no ano. O plano foi compartilhado com associados, parceiros e outras organizações que também atuam no setor em um encontro no dia 14 de fevereiro, em São Paulo.

Na ocasião, os presentes puderam conhecer as perspectivas de atuação do GIFE, assim como discutir possibilidades de ação conjunta. “Temos feito o esforço de funcionar como polo, como catalizador, de uma rede ampla e diversa na atuação. E é este espírito de espaço coletivo, de energias privadas para a produção de bens públicos, que nos move. Ao longo do tempo, o GIFE vem se aprofundando e adensando esta jornada, acumulando capacidades para atuar como plataforma”, destacou José Marcelo Zacchi, secretário-geral do GIFE, lembrando que trata-se de uma rede de articulação e suporte do investimento social privado no Brasil ampla, diversa e ativa.

No centro, sendo a base do GIFE, estão as 151 organizações associadas – entre empresas, instituições empresariais, fundações familiares e independentes, sendo a maior rede já formada nestes 23 anos de atuação –, expandindo para outros investidores sociais, em contato e sinergia com organizações próximas que também atuam no campo (como IDIS, Ethos, Comunitas, etc.), que criam interfaces com atores da esfera pública como um todo: setor privado, organizações da sociedade civil (OSC), academia, gestão pública, cooperação internacional etc.

Para essa atuação como polo, a partir da rede, o GIFE se propõe a atuar cada vez mais em 4 frentes: 1. Ambiente: Ambientes público e regulatório para o setor aprimorados e positivos; 2. Conhecimento: Repertório de conhecimento, análise e reflexão no setor expandido e disseminado; 3. Cooperação: Práticas de ação, articulação e colaboração no setor aprofundadas e compartilhadas; e 4. Inovação: Modos de atuação e efetividade do setor em evolução e aprimoramento contínuos.

“E tudo isso em conexão com a agenda pública e a sociedade. Para tal, nos propomos a desenvolver ações de fomento, para mobilizar mais recursos e com mais diversidade para o setor; ações de fortalecimento do ecossistema como um todo; e ações de disseminação do que está sendo produzido, acumulado pelas experiências, para o país”, completou o secretário-geral do GIFE, lembrando que um ISP fortalecido será:

– Mais plural, com atores de perfis, portes, estratégias e focos de atuação variados, presentes em todas as regiões do país.
Mais institucionalizado, alinhado com o sentido público da sua ação e com boas práticas de governança, transparência e gestão.
Mais coletivo, expandindo mecanismos de coinvestimento, fundos filantrópicos e plataformas compartilhadas de mobilização e gestão de recursos.
Mais doador, contribuindo para o fortalecimento da sociedade civil, de espaços e instituições de interesse público e do tecido de cidadania e ação coletiva no país.
Mais abrangente, conectado com desafios múltiplos da agenda pública e contribuindo de forma ampla para o desenvolvimento inclusivo e sustentável.
Mais articulado, com ação em rede, ampliação de alianças e parcerias na atuação, entre investidores, a sociedade em geral e a gestão pública.
Mais inspirador, reforçando modos de avaliação, sistematização e comunicação de práticas e ideias capazes de contribuir para o repertório de ação pública no país.
Mais efetivo, fomentando soluções e modelos de ação inovadores, escaláveis e sustentáveis, integrados com a sociedade e as políticas públicas.

“Será justamente com a soma destas convergências que emergirão bens públicos mais amplos e mais duráveis do que se estivéssemos sozinhos. A rede plural conjuga olhares, conhecimentos, ações e valores para somar aportes para essa transformação de país”, ressaltou José Marcelo.

Destaques 2018

Após a apresentação da Matriz Estratégica do GIFE, Erika Sanchez Saez, gerente de Programas do GIFE, compartilhou com os presentes alguns destaques do ano de 2018, que são a base para o plano de ação 2019 da organização.

Nesta perspectiva de fortalecimento e qualificação da Rede GIFE, entre os destaques estiveram iniciativas como o X Congresso GIFE, que contou com 33 atividades de programação aberta, mais de 96 organizações envolvidas e 1400 participantes, tendo como tema central: Brasil, Democracia e Desenvolvimento Sustentável. A partir do Congresso, inclusive, várias outras ações se desdobram ao longo do ano.

Uma das novidades neste sentido é a criação de novos espaços, como o Happy Hours GIFE, discutindo assuntos diversos da rede, como educação e desenvolvimento territorial, assim como o esforço de levar discussões sobre o setor para fora do eixo Rio-SP, com a criação de Oficinas ISP Bahia e ISP Amazônia. Já o Jornada ISP: Investimento Social Privado, Sociedade e Desenvolvimento, foi um evento com duração de dois dias a fim de dialogar sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e sustentabilidade econômica das organizações da sociedade civil (OSC).

Na frente de atuação “Ambiente”, o foco de atuação foram as agendas vinculadas ao projeto Sustentabilidade econômica da sociedade civil – o Sustenta OSC, que visa construir um ambiente legal, jurídico e institucional saudável para a atuação das organizações da sociedade civil. O projeto traz como temas principais o MROSC (Marco Legal das Organizações da Sociedade Civil), o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), incentivos fiscais para doação de pessoas físicas e fundos patrimoniais. Entre as iniciativas estiveram a consolidação do Grupo Sustenta OSC e a incidência na tramitação da MP dos Fundos Patrimoniais. Com o intuito, inclusive, de levar esse debate para um público mais amplo, o GIFE lançou uma websérie de oito capítulos.

Já na frente “Conhecimento”, o GIFE promoveu uma série de iniciativas, como o lançamento da nova publicação dos Temas ISP sobre negócios de impacto social; o esforço em aprofundar e utilizar ao máximo os dados do Censo GIFE, disponibilizando relatórios de comparação individual às organizações respondentes, além dos recortes e análise específicas dos dados por temas; a reformulação do Sinapse; a criação do Grupo de Conhecimento ISP com várias organizações que se dedicam a fomentar o campo; a chamada de artigos visando estimular que outros atores produzam conhecimentos a respeito do setor; e a criação do Panorama ISP, que trata-se de um encontro para as equipes das organizações associadas, a fim de trazer conceitos, dados, desafios e proposições sobre o campo.

Por fim, na frente de “Cooperação”, Erika destacou a atuação com as redes temáticas, tanto aquelas com atuação mais transversais ao campo (RT Gestão Institucional, Narrativas, Grupo de Avaliação, RT Grantmaking e RT Negócios de Impacto), assim como aquelas de assuntos específicos e de interesse do campo (RT de Saúde, Cultura, RT Garantia de Direitos das Crianças e dos Adolescentes, RT Pessoas no Setor Público, RT Leitura e Escrita de Qualidade para Todos), além das redes em outros estados, como Rede de Investidores Sociais Curitiba; RIS Interior Paulista; e RIS Distrito Federal.

Já na função de “Fortalecimento do campo”, o GIFE realizou iniciativas diversas, como o acompanhamento da implementação dos projetos do Fundo BIS e criou duas novas iniciativas. A primeira delas é a “Articulação Estratégica Educação”, com um intenso trabalho de escuta com vários atores do campo a fim de o ISP ter mais impacto e atuar de forma articulada nesta agenda. E a segunda novidade foi o lançamento o projeto “O que o Investimento Social Pode fazer Por”, mais conhecido como “ISP Por…” que visa trazer para o centro do debate temas que não estão ainda tão presentes na agenda dos investidores sociais, como cidades sustentáveis, equidade racial, mudanças climáticas, entre outros.

Para fechar este momento de retrospectiva de 2018, Mariana Moraes, gerente de Comunicação do GIFE, lembrou da importância da comunicação em todos os processos de atuação do GIFE, tendo papel estratégico na forma de atuação da organização. Entre os destaques gerais de Comunicação estão, por exemplo, a comemoração de 20 anos de produção do RedeGIFE, o boletim semanal sobre o campo, além da ampliação das produções audiovisuais.

O canal do Youtube do GIFE ganhou mais força, com a disponibilização de amplo material sobre as mesas do Congresso, além de webséries, webinar e vídeos pílulas. Foram mais de 157 vídeos publicados. O site do GIFE continua sendo veículo fundamental para compartilhar os conhecimentos e produzir mais informações sobre o setor. Já nas redes sociais são estratégias importantes para disseminar o conteúdo para um público amplo e diverso. Hoje, o GIFE já conta com mais de 24 mil seguidores no Facebook e 8.812 seguidores no Twitter.

Mariana Moraes destacou ainda os espaços importantes de articulação no qual o GIFE esteve presente, a fim de expandir e conectar a Rede, como o Movimento por uma cultura de doação; Rede de Mensuração de Impacto Social; Plataforma por um Novo Marco Regulatório; Plataforma Filantropia &ODS, entre outras.

Plano de ação 2019

“A partir das bases e dos processos construídos, continuamos neste espírito de trilha continua com agendas que se desdobram não só para 2019, mas para os próximos anos, sempre pensando o GIFE como esta força centrífuga”, resgatou José Marcelo, antes de iniciar os destaques do planejamento para o ano.

Na função de “Rede”, a proposta, destacou o secretário-geral do GIFE, é continuar produzindo sinapses no dia a dia e conectando várias iniciativas e atores para fortalecer o grupo, com espaços regulares de trocas temáticas, por meio dos Happy Hours, webinars, encontros temáticos, além do planejamento do próximo Congresso GIFE.

O projeto Sustenta OSC continua também sendo a base de atuação na função “Ambiente”, com a previsão de um trabalho em 2019 focado em advocacy no aprimoramento das práticas de ITCMD, trabalhando junto aos estados, assim como o lançamento das pesquisas.

Em 2019, a frente de “Conhecimento” pretende fortalecer ações que se iniciaram no ano passado, como o Grupo de Conhecimento, assim como trazer novidades. Uma delas é a nova edição do Censo GIFE que, inclusive, irá integrar também a pesquisa salarial. A proposta é ainda expandir esse olhar para os dados por meio de uma plataforma online, na qual será possível apresentar o que cada organização faz, a fim de destacar pontos de sinergia e a possibilidade de um olhar amplo de atuação conjunta.

Já na frente de “Cooperação”, também se fortalecem e continuam em ação as Redes Temáticas e os encontros e oficinas, com a possibilidade de novas temáticas entrarem na agenda como a RT Juventude e a perspectiva de levar o debate para outros espaços e ampliar a presença do ISP no Rio de Janeiro, por exemplo.

José Marcelo destacou ainda novidades, como as Jornadas Inovação – na frente de “Inovação” -, que pretendem discutir novas formas do ISP atuar a fim de construir soluções no campo, assim como as ações na frente de “Fomento”, com o intuito de expandir o setor, como a criação de uma Plataforma de Doação ou encontros de ISP Familiar, Independente e Empresarial, gerando conhecimentos sobre estes atores.

 

 

 

 

 

Neste ano, o projeto “ISP Por” – na frente de “Fortalecimento”- ganha força com uma série de lançamentos de materiais sobre os temas elencados, a partir de março, além do lançamento da Iniciativa Equidade Racial, que busca incentivar que as próprias organizações associadas possam olhar para dentro de casa e promovam a diversidade internamente e na sua forma de atuação.

O GIFE despenderá também uma série de esforços na frente de “Disseminação”, não somente pelos canais de comunicação e na presença em fóruns e espaços de participação, mas também com o lançamento do novo projeto “Exposição ISP”, em agosto, com a apresentação de práticas, projetos, iniciativas, inovações que traduzem e incorporam estas fronteiras do ISP.

Reflexões

Uma atuação ampla, diversa, consistente e desafiadora pela frente. Para os presentes no encontro, o ano de 2019 se mostra repleto de oportunidades para a Rede GIFE, mas também com muitos debates que ainda precisam ser realizados, principalmente diante do atual momento de país que se apresenta para as organizações da sociedade civil.

“Hoje temos um cenário em que as OSC estão sendo olhadas com desconfiança. Há uma questão central de narrativa, de gerar e fortalecer a identificação com a sociedade brasileira. É preciso ressignificar e fortalecer as OSC na ponta. Temos um terreno de comunicação e de luta importante e estratégico neste momento”, destacou Beatriz Azeredo, diretora de Responsabilidade Social da Globo e conselheira do GIFE.

Para José Marcelo, se estamos falando de promoção de um aprofundamento democrático, é preciso reafirmar estes valores como definidores e defendê-los. “Para isso, precisamos atualizar estratégias de promoção destes valores, seja de aprofundamento de práticas ou a criação de soluções de respostas novas para avançar. O projeto Sustenta OSC, por exemplo, está neste momento na situação como reposiciona a própria agenda do projeto para incorporar estes debates atuais. São debates sobre questões legais, sobre o momento e desafios de interação das OSC e governo, estabelecendo um esforço para ter um canal de diálogo”, comentou.

Como participar

O encontro foi um momento, inclusive, para que todos os presentes se sentissem convidados a se engajar nas ações e também propor novas oportunidades.

Erika Sanches destacou a importância de cada organização avaliar seu momento atual, qual é sua agenda de trabalho, quais seus planos de atuação, quais desafios enfrenta, para que, a partir dessa análise, possa avaliar de que forma o GIFE – pensado como essa plataforma de atuação potente – pode contribuir, assim como a organização pretende participar e se engajar nas atividades existentes.

Além de receber os boletins e participar dos eventos, todos podem se fazer presentes nas redes e grupos temáticos, responder pesquisas e se envolver nos projetos especiais, além de contar com o apoio da equipe do GIFE para colaborar com as conexões na rede.


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