Em 2021, um ano do Especial redeGIFE
Por: GIFE| Notícias| 20/12/2021Lançado em julho de 2020, o Especial redeGIFE nasceu com a perspectiva de ampliar a produção multimídia do redeGIFE. As reportagens mensais abordam temas relevantes para a atuação do investimento social privado (ISP) a partir de múltiplas perspectivas e recursos audiovisuais.
A produção de 2021 se concentrou em temas que se tornaram ainda mais importantes frente aos efeitos da pandemia de Covid-19. Foram 12 Especiais, 6 infográficos, 7 vídeos, 1 webinar e 2 podcasts que se somaram às demais produções do boletim semanal, com o intuito de mapear desafios e projetar tendências e oportunidades para a atuação de institutos, fundações e empresas.
A seguir, reunimos alguns dos destaques das 12 edições deste ano do Especial redeGIFE.
Janeiro | A relação entre ISP E OSCs: tendências para 2021
O primeiro Especial redeGIFE do ano entrevistou algumas das principais lideranças do campo da sociedade civil, em áreas diversas, para saber: quais são as oportunidades para o apoio do investimento social privado e da filantropia às organizações da sociedade civil (OSCs) este ano com base nos principais desafios de 2020? O mapeamento apontou:
- Amazônia;
- Desenvolvimento territorial;
- Desigualdades;
- Equidade racial;
- Geração de trabalho e renda;
- Gestão pública;
- Meio ambiente;
- Saúde;
- Sociedade civil.
Nós lutamos para organizar uma educação que valorize a gestão ambiental e o desenvolvimento territorial para melhorar a vida das comunidades, promovendo o Bem Viver. E a questão cultural é transversal. Precisamos de apoio, por exemplo, para expandir os conhecimentos da medicina tradicional, que também pode ser uma alternativa para geração de renda nas comunidades. Para tudo isso, um apoio de longo prazo seria importantíssimo porque a construção de todo esse impacto e a transformação disso em política pública leva tempo.”
André Baniwa, Organização Indígena da Bacia do Içana (OIBI)
“A redução das desigualdades e o enfrentamento à pobreza são direitos constitucionais e precisam ser defendidos e colocados em prática. Estamos falando de uma agenda de políticas públicas onde a sociedade civil tem um papel-chave de pressão sobre o poder público e de engajamento da sociedade. É muito importante que o investimento social privado e a filantropia entrem nesse debate por meio de seus investimentos.”
Katia Maia, Oxfam Brasil
Fevereiro | O investimento social em saúde veio para ficar?
Na edição de fevereiro, integrantes da Rede Temática de Saúde do GIFE apontaram legados, avanços e aprendizados e também os desafios para uma maior atuação do setor na área. As reflexões foram reunidas neste vídeo.
“A gente aprendeu que, dentro da sua expertise, a instituição e as pessoas que tiverem capacidade e recursos para entregar resultados devem fazê-lo. Isso é super positivo e ajuda a minimizar os efeitos de um sistema de saúde tão desigual como o que a gente tem no Brasil.”
Evelyn Santos, Associação Umane
“Um desafio importante na área da saúde é olhar para organizações e causas da área que tiveram recursos negligenciados com a pandemia.”
Maria Izabel Toro, RaiaDrogasil
“A sociedade descobriu o SUS, que nós temos o Sistema Único Saúde, e não só isso, que ele precisa ser apoiado pela filantropia e o investimento social. Outro legado desse período é o resgate da crença na Ciência.”
Marcia Woods, Fundação José Luiz Egydio Setúbal
Março | Fronteiras de ação: desafios e prioridades para a filantropia, o investimento social e a ação cidadã
No Especial redeGIFE de março, a plenária de encerramento do 11º Congresso GIFE pautou temas e caminhos para nortear doações, investimentos e iniciativas do setor. Um infográfico trouxe pistas sobre os próximos passos na direção de expandir, diversificar, articular, inovar e avançar.
“A causa da conservação da natureza está diretamente ligada a questões de saúde, educação e economia. Mas uma fundação sozinha não consegue realizar as transformações necessárias. Precisamos somar esforços com outros institutos e fundações e com o poder público e as empresas e olhar para as nossas causas sem deixar de lado as emergências da sociedade.”
Melissa Barbosa, Fundação Grupo Boticário
“Para mim as diretrizes e prioridades passam por olharmos para o céu: ‘c’ de crônico, ‘e’ de emergência e ‘u’ de urgência. O crônico do Brasil é a agenda das desigualdades sociais e regionais, incluindo as injustiças ambientais. Na segunda letra desse céu, a emergência, temos a pandemia. Em urgência, destaco as mudanças climáticas como principal agenda do século 21 porque pode reverter os avanços que tivemos em algumas agendas sociais.”
Virgilio Viana, Fundação Amazônia Sustentável
Abril | O futuro da geração de trabalho e renda
Em abril, o Especial redeGIFE conversou com representantes de organizações do investimento social privado brasileiro que atuam na agenda da inclusão produtiva para entender os desafios atuais ou novos em face da atual crise, e qual é o papel do setor na direção de enfrentá-los. Em infográfico, reunimos 21 tendências e oportunidades para uma atuação mais estratégica e efetiva do ISP no tema nas área de:
- Assistência social;
- Desenvolvimento territorial;
- Educação;
- Empreendedorismo;
- Juventudes;
- Investimentos e negócios de impacto;
- Mercado de trabalho.
“A vivência escolar do século 21 precisa proporcionar aos adolescentes e jovens experiências educacionais de desenvolvimento integral, que os prepare para a vida produtiva, para si próprios e para a comunidade.”
Mônica Pinto, Fundação Roberto Marinho
“A inclusão produtiva tornou-se um dos temas prioritários no debate global. Seu enfrentamento requer a participação de múltiplos atores da sociedade, incluindo investidores sociais privados. A complexidade dos desafios demanda o estabelecimento de coalizões e redes colaborativas e a criação de uma agenda nacional.”
Vivianne Naigeborin, Fundação Arymax
Maio | Quem tem fome, tem pressa – mas o problema é estrutural
No Especial redeGIFE de maio, era consenso entre representantes do investimento social privado, organizações da sociedade civil e movimentos populares a necessidade de ações frente ao aumento da fome no país. Em depoimentos em vídeo, eles também apontam a importância de políticas públicas e uma agenda estruturante de médio e longo prazo para enfrentar a insegurança alimentar no país. A edição contou ainda com entrevista exclusiva com Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré, que falou sobre a relação direta entre fome e racismo e a falta de políticas públicas para garantia de direitos às populações historicamente negligenciadas.
“Há um processo de concentração no setor de distribuição de alimentos que limita o espaço de comercialização dos pequenos agricultores. É preciso construir uma rede mais descentralizada, próxima aos territórios, um processo que combine política de Estado, iniciativa da sociedade civil e dos movimentos sociais de agricultores e agricultoras.”
Humberto Palmeira, Movimento dos Pequenos Agricultores
“A pandemia abre uma oportunidade de entender as fragilidades a que determinada parcela da população está exposta continuamente e como podemos apoiar, sobretudo no pós-pandemia, uma melhora da qualidade de vida dessas pessoas.”
Jair Resende, Fundação FEAC
“O Brasil tarda a enfrentar de forma consistente o racismo. Não tem feito, nos últimos anos, políticas consistentes dessas populações a seus direitos, então, quando a pandemia chega, encontra terreno fértil, infelizmente, para que essa situação de injustiça se agrave e temos mais da metade da população brasileira em insegurança alimentar e mais da metade da população passando fome.”
Jurema Werneck, Anistia Internacional
Junho | Desafios, oportunidades e aliados estratégicos para a atuação do ISP na agenda climática
Em junho, o Especial redeGIFE ouviu ambientalistas, acadêmicos e atores do investimento social privado e da sociedade civil para saber: qual é o papel de cada um de nós no enfrentamento às mudanças climáticas? Neste infográfico, identificamos oito áreas sociais que têm relação direta com os desafios e os impactos da agenda climática:
- Alimentação;
- Educação;
- Lazer;
- Moradia;
- Saneamento básico;
- Saúde;
- Trabalho e renda;
- Transporte.
“Em se tratando de Amazônia, o primeiro imaginário é a questão da floresta, do clima, do verde, das árvores, da natureza, dos bichos. Aí lembram que também têm as populações. De certa maneira, a questão ambiental ofusca as mazelas sociais. Essas pessoas têm os mesmos direitos de quem vive nas cidades.”
Caetano Scannavino, Projeto Saúde e Alegria
“A agenda da educação, que normalmente recebe mais investimentos do ISP, deve considerar a inclusão dos desafios ambientais de forma mais incisiva. Precisamos de mais pessoas debatendo e dialogando sobre a injustiça climática, já que é um desafio coletivo e que vai afetar cada vez mais as futuras gerações.”
Mariana Rico, Instituto Estre
Julho | Universalizar o acesso a conectividade e dispositivos é urgente para garantir direitos
Para debater desafios e oportunidades para uma atuação estratégica do investimento social e da filantropia no tema da conectividade, em julho, o Especial redeGIFE produziu o terceiro episódio da série homônima do Podcast GIFE com especialistas e representantes do setor.
“Temos o papel de influenciar a agenda pública para que possamos viabilizar um ciclo virtuoso de integração tecnológica, estimulando e provocando esse debate com todos os demais atores da sociedade.”
Americo Mattar, Fundação Telefônica Vivo
“As tecnologias digitais são um caminho sem volta para a educação e, nesse processo, precisamos valorizar as vozes dos estudantes. Como dizia Paulo Freire, “comunicação é educação e educação é comunicação”. Temos pela frente uma oportunidade para combater as desigualdades na agenda da conectividade.”
Carlos Lima, Secretaria Municipal de Educação de São Paulo
“Fomentar os espaços de participação para a incidência na construção de políticas públicas de acesso à internet e às tecnologias da comunicação e informação é uma oportunidade de atuação para fazer avançar essa agenda no país.”
Tamara Terso, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
Agosto | O mês, a hora e a vez da equidade racial
Nos Estados Unidos, agosto marcou a 10ª edição do Black Philanthropy Month. Co-promovido pela primeira vez no Brasil pelo GIFE em conjunto com a Rede Temática de Equidade Racial, o evento pautou uma série de atividades e produções ao longo do mês, incluindo o Especial redeGIFE, que convidou especialistas para um webinar a fim de debater os desafios e apontar oportunidades para uma atuação mais estratégica e relevante do investimento social privado e da filantropia na agenda da promoção da equidade racial. O Especial reuniu ainda alguns dos destaques do debate realizado durante o evento brasileiro do Black Philanthropy Month, entre lideranças negras do investimento social privado.
“É necessário descentralizar os recursos do investimento social privado para um impacto mais sistêmico e de pautas interseccionais, como gênero e raça. A filantropia e o ISP precisam ter uma amplitude de investimentos em relação ao que são os problemas estruturais do Brasil e que a pandemia colocou na nossa cara.”
Adriana Barbosa, PretaHub
“A tese da democracia racial ficou para trás, mas o racismo está mais vivo do que nunca. Precisamos diversificar o próprio campo da filantropia, testar caminhos, reconhecer os limites e colocar pessoas negras em lugares de liderança. Destinar dinheiro para fortalecer a voz e o protagonismo negro é uma decisão que está ao alcance de quem está em posição de poder. A filantropia tem que escolher seu lado e se colocar pelo fortalecimento da democracia.”
Atila Roque, Fundação Ford Brasil
Setembro | Os diálogos e as possibilidades entre o investimento social e a agenda ESG
A edição de setembro trouxe o quarto episódio da série Especial redeGIFE do Podcast GIFE, que aborda a relação do investimento social privado com a pauta ESG e de investimentos e negócios de impacto.
“Se as empresas que agora estão sendo mais pressionadas a adotar práticas ESG ignorarem que tem gente que trabalha há dezenas de anos nesse setor e que tem competências muito importantes acumuladas, acho que vai ser um desperdício. A sociedade civil, em geral, pode e deve ser um grande aliado dentro desse processo.”
Leonardo Letelier, SITAWI Finanças do Bem
“Hoje, escutamos falar muito do capitalismo de stakeholder em oposição ao capitalismo de shareholder, e nós temos tirado um pouco o protagonismo dos acionistas e colocado também em todas as partes interessadas. Acredito que isso acontece porque a sociedade está exigindo ações em direção a um modelo econômico que seja social e ambientalmente mais resiliente, equitativo, humano e sustentável”.
Luana Maia, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
Outubro | Os desafios da valorização docente no Brasil
No mês dos professores, o Especial redeGIFE ouviu educadores e especialistas em educação para identificar os diferentes elementos envolvidos na valorização docente, segundo aqueles que vivenciam a educação todos os dias. O diagnóstico permitiu apontar, neste infográfico, as principais demandas do setor e quatro frentes nas quais institutos, fundações e empresas podem aprimorar sua atuação no tema:
- Condições de trabalho;
- Infraestrutura e tecnologia;
- Protagonismo e autonomia;
- Colaboração.
“Realizar um processo de transformação, inspiração e valorização não significa trazer algo pronto para dentro da escola e falar ‘façam assim’. É construir junto, porque cada escola e comunidade é única.”
Fabiana Costa, professora da Escola Municipal Dulce de Faria Martins Migliorini (Itirapina, SP)
“Institutos e fundações atuam na fronteira entre a sociedade e o Estado, apoiando o Estado nas ações voltadas para a valorização do professor, mas com uma presença e uma capilaridade no universo da sociedade civil organizada. Dessa forma, essas organizações poderiam ajudar muito do ponto de vista da comunicação da valorização do profissional da educação na sociedade como um todo, de sabermos que o professor é um profissional muito importante que precisa ser valorizado.”
Vitor de Angelo, secretário de Educação do Espírito Santo e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)
Novembro | Os rumos da cultura de doação no Brasil
Em novembro, o Especial redeGIFE ouviu especialistas e mergulhou nos principais estudos sobre cultura de doação para mapear desafios e tendências para o futuro da agenda no país, além das possibilidades de atuação do investimento social e da filantropia. O conteúdo traz ainda os dados mais recentes sobre doação no âmbito do investimento social privado neste infográfico.
“Os novos arranjos para mobilização de recursos são importantes, mas falta uma ponte com quem sabe fazer esse recurso chegar na base. E essa é a nossa especialidade, é onde podemos colaborar, inclusive a partir de evidências. Juntos, poderíamos dar um grande salto.”
Maria Amália Souza, Fundo Casa Socioambiental
“O cenário de emergência trouxe uma nova perspectiva de valorização do terceiro setor porque ficou evidente a incapacidade do Estado de dar conta sozinho dos problemas e das empresas, que, por mais bem intencionadas que possam ser, não conseguem chegar na ponta e dependem das OSCs para responder às questões sociais mais urgentes. Sem contar a valorização da doação em si, frente a tantas histórias de doação de dinheiro, alimentos, trabalho voluntário, entre outros recursos.”
Roberta Faria, Instituto MOL
Dezembro | Os aprendizados e as possibilidades para o investimento social privado em 2022
No último Especial redeGIFE do ano, membros do Conselho de Governança do GIFE falam sobre os desafios enfrentados no segundo ano de pandemia, as agendas em evidência no setor e as principais oportunidades de atuação para institutos, fundações e empresas.
“Para 2022, entendo que os principais temas de atuação do investimento social privado estarão ligados ao aumento da vinculação do ISP com as estratégias ESG das empresas e investidores; à potencialização do protagonismo das organizações do movimento negro no que tange à agenda do ISP, sobretudo aos projetos voltados para promoção da equidade racial; e também ao aumento e reforço do conjunto de critérios de mensuração de sucesso dos projetos.”
Gilberto Costa, JP Morgan
“O campo da filantropia colaborativa se abriu e ficou mais evidente durante a pandemia. O desafio é gigante e, provavelmente, teremos que fazer um enfrentamento conjunto e coletivo. Existem questões da própria filantropia colaborativa, como a costura e coordenação de atores, mas acredito que é uma oportunidade para irmos, talvez, mais devagar, mas mais longe e com mais impacto.”
Inês Lafer, Instituto Betty e Jacob Lafer