Lideranças nacionais e internacionais debatem democracia, combate à fome e desigualdades no Fórum Social Mundial

Por: GIFE| Notícias| 06/02/2023

Participantes do Fórum Social Mundial realizam marcha no centro de Porto Alegre (RS). Foto: Tânia Rego/ Agência Brasil

   

Dos dias 23 a 28 de janeiro, Porto Alegre recebeu o Fórum Social Mundial (FSM) 2023, com o tema: “Democracia, direitos dos povos e do planeta – Outro mundo é possível”. Entre as pautas do Fórum, em 2023, o atual contexto de aprofundamento da crise socioambiental e das desigualdades sociais.

Assim, foram definidas três grandes questões para o debate. A primeira diz respeito a pautas estruturantes, como luta antirracista e de gênero, centrais no debate sobre desigualdades. Um estudo realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 2022, por exemplo, revelou que os lares chefiados por mulheres negras são os mais afetados pela fome.

O combate à fome foi outra agenda prioritária do FMS, articulada com a de proteção ambiental. “Isso é possível desde que seja feita uma mudança radical na matriz de produção de alimentos. Esse debate foi essencial, com a presença da ministra [do Meio Ambiente e Mudança do Clima] Marina Silva apontando caminhos que, esperamos, sejam assumidos pelo governo”, aponta o membro do Comitê Facilitador da conferência, Mauri Cruz.

A terceira questão debatida foi a defesa de uma democracia participativa e do controle social sobre as políticas públicas.

Mauri Cruz, relembra que o FSM nasceu em 2001 “como contraponto ao pensamento único neoliberal que, após a queda do muro de Berlim entendia que não havia outra alternativa para a humanidade fora do capitalismo”. De lá pra cá, afirma que o movimento apontou os limites do capitalismo como sistema capaz de superar as desigualdades, a crise ambiental e de promover um ambiente democrático em todo o mundo.

Saldo Positivo

O evento teve seis mil inscritos e 200 atividades, presenciais e virtuais, autogestionadas realizadas por centenas de movimentos e organizações sociais do Brasil e de outros países. Foram quatro assembleias de convergências. O FMS apresentou ainda o Seminário Internacional com a presença de centenas de lideranças nacionais, internacionais e representantes do governo. Além de Marina Silva, esteve no Fórum a ministra da Saúde, Nísia Trindade. A vice-presidente colombiana Francia Márquez chegou a confirmar presença, mas não pôde vir devido à recente tentativa de atentado que sofreu.

“O saldo foi o fortalecimento da sociedade civil para enfrentar as crises da democracia, do meio ambiente e das desigualdades e, principalmente, colocar o FSM como interlocutor fundamental no diálogo com o novo governo.”

Para Mauri Cruz, desde a “ruptura democrática de 2016”, as relações dos movimentos sociais com os setores privados enfraqueceu, o que provocou um afastamento das pautas sociais. “Há uma expectativa de que, com a retomada da agenda democrática, esta relação seja retomada de forma mais efetiva.”


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